quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE LEITORES (AS).

PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE LEITORES (AS).


Não há celebração litúrgica sem que haja ao menos uma breve leitura tirada das Sagradas Escrituras; na leitura individual cada pessoa faz a leitura para si mesma, mas na celebração a leitura é comunitária, portanto, alguém deverá fazê-la para que todos ouçam.
Quem deverá fazer a leitura?
Quais são os requisitos para poder ser leitor ou leitora?
Tudo vai depender do tipo de comunidade e de sua formação de organização:

  • Numa liturgia dominical coordenada por uma equipe, as leituras são preparadas com antecedência, portanto, quem vai fazer a leitura deverá sabê-lo de antemão.

  • Geralmente, há vários leitores (as) que se revezam, em rodízios.

  • Em 1972, a Igreja Católica Romana criou uma “instituição” para os leitores.

  • O ministério de leitor é conferido oficialmente por ato litúrgico; trata-se de um ministério próprio, reservado a elas ou a eles, mesmo que haja padre ou diácono presente na celebração (Ref. IGMR, 66; IELM, nº. 51). Portanto, nem diácono nem padre deverão “tirar” este oficio do leitor ou leitora, ainda que seja numa celebração muito solene.

Para se poder exercer bem este serviço e com conhecimento de causa, é importante que seja oferecida uma formação bíblica, litúrgica, espiritual etc..
A “constituição sobre a Sagrada Escritura do Concilio Vaticano II (SC) afirma no nº. 29:”..os ajudantes, leitores, comentadores e componentes(os cantores) desempenham um verdadeiro ministério litúrgico.”

Isto significa que:

  • Os leitores e leitoras não estão aí para ajudar o padre, como muitos continuam pensando. Assumem um ministério próprio; atuam a partir de seu sacerdócio de batizados.

  • Não trabalham por conta própria, mas como representantes de Cristo, animados por seu Espírito. É cristo mesmo que fala quando se lêem as Sagradas escrituras na Igreja (SC, nº.7).


  • Estão aí não para exercer um poder sobre a comunidade ou para aparecer; ao contrario, trata-se de um serviço comunitário, eclesial. São chamados a prestar um serviço (ministério) aos irmãos e irmãs reunidos em assembléia.

FAZER A LEITURA OU PROCLAMAR A PALAVRA?

Geralmente, quem aborda uma pessoa para ser leitor ou leitora, diz o seguinte: “Você pode fazer a leitura hoje”? Fazer uma leitura assim, até que é relativamente fácil, isto é, se não houver palavras complicadas no texto e se o leitor tiver um mínimo de prática, poderá se sair até bem; acontece que na liturgia não se trata de fazer a leitura, simplesmente; trata-se de proclamar a palavra.

Qual é a diferencia?

  • Fazer a leitura significa: Ir lá à frente, ler o que está escrito, para informação minha e da comunidade, ou no pior dos casos, é apenas uma formalidade: celebração supõe leitura, alguém deve fazê-la, pouco importa se os presentes entenderam o que foi dito ou se foram atingidos pelo que ouviram.

  • Proclamar a Palavra é um gesto sacramental. È quando me coloco a serviço de Jesus Cristo que, através da minha leitura, da minha voz, da minha comunicação, quer falar pessoalmente com o seu povo reunido.


  • O documento conciliar sobre a sagrada liturgia (Sacrosanctum Concílium) o exprime da seguinte maneira no artigo 7: “Presente está pela sua palavra, pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas  escrituras na Igreja”, isto é, na comunidade reunida.


Ministros e Ministras da Palavra.

Leitura não é aula, não é informação, não é noticiário..leitura é Jesus Cristo presente com seu Espírito, falando na comunidade, anunciando o reino, denunciando as injustiças, convocando a comunidade, convidando-a para a renovação da aliança, da conversão, da esperança, da ação, purificando e transformando-nos; por isso, alguém da comunidade é chamado a ser ministro, servidor desta palavra.
Não é só pelo conteúdo da leitura, mas por todo o seu modo de ser e de falar, de olhar e de se movimentar, que o leitor ou a leitora deverão ser, no meio da comunidade, sinais vivos do Cristo-Palavra e do seu Espírito.
Se você pelo seu conteúdo da leitura apenas, poderia ser mais interessante cada pessoa ler sozinha num folheto ou na bíblia.
Mas a leitura litúrgica é um acontecimento comunitário e sacramental; Jesus Cristo fala á comunidade reunida pela mediação do leitor ou da leitora, o Espírito está presente na pessoa que lê e está atuante também nos ouvintes para que acolham a Palavra em suas vidas.
Os ouvintes devem ouvir, escutar, acolher a Palavra. Ouvem as palavras proclamadas pelos leitores, e tem os olhos fixos neles para não perderem nem uma vírgula, nem um sinal daquilo que é anunciado.
É evidente que o leitor deverá ler e meditar a leitura em casa, durante a semana para poder ser ministro da palavra. Ele deverá de alguma maneira “assumir” diante do cristo a quem empresta sua voz e seu jeito de se comunicar.
O leitor é também ouvinte, porque enquanto ele  proclama a Palavra, ele também presta a atenção com toda a comunidade para tentar perceber o que o espírito está querendo dizer à igreja naquele dia.


Proclamar com os Lábios e com o Coração.

O missal Romano prevê um pequeno gesto feito em silêncio, que pode nos mostrar claramente como deve ser a atitude dos leitores:

  • Antes de o diácono proclamar o evangelho na missa, ele se inclina diante do presidente da assembléia e pede a sua benção; o presidente então diz: “O senhor esteja em teu coração e em teus lábios para que possas anunciar dignamente o seu evangelho: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

  • Quando é o próprio padre que faz a proclamação, ele se inclina diante do altar e reza assim: ”O Deus todo-poderoso, purificai-me o coração e os lábios para que eu anuncie dignamente o vosso santo evangelho”.

Todos os leitores poderiam inspirar-se nestes dois textos para sua oração e atitude interior antes da proclamação da leitura; os dois textos se referem ao coração e os lábios:

  • Ao coração, porque é nele que acolhemos a Palavra e o Espírito do senhor que é Amor, esta proclamação deverá partir do coração.

  • Aos lábios, porque é instrumento de comunicação. “Lábios” significam aqui todo esforço feito para que a palavra concebida no coração sob a ação do Espírito possa atingir o coração dos ouvintes, possa gerar neles a Palavra que quer fazer-se carne outra vez em nossa vida, ritmo, respiração, ênfase.

De fato, devemos deixar que o Senhor esteja presente neste processo de comunicação, e por isso, deverá ser realizado com toda dedicação e unção possíveis. Também o olhar e a postura do corpo têm parte nesse processo de comunicação e até mesmo o alto-falante e a instalação do som.

Obs.: Será que em nossas comunidades os leitores e as leitoras estão sendo de fato, sinais vivos do Cristo que fala a seu povo reunido?
Anunciam com o coração e com os lábios?


COMO PREPARAR UMA LEITURA?

Normalmente, os leitores (as) participam da reunião da equipe, na qual toda a celebração é preparada em conjunto. São lidas e meditadas as leituras bíblicas da celebração que se está preparando, procurando perceber qual poderá ser a Palavra do Senhor para a comunidade na realidade que se está vivendo.
Prepara-se em grandes linhas o roteiro da celebração, a homilia, os cantos, os gestos e ações simbólicas... Dividem-se as tarefas.

a)      Preparação Pessoal.

Para poder transmitir a Palavra de Deus contida na leitura e atingir com ela a assembléia ouvinte, é necessário que o leitor conheça e entenda aquilo que está lendo.
Primeiramente o texto em si: saber em que circunstâncias foi escrito, a quem foi dirigido, quem está falando e com que objetivo..Depois, saber o sentido do texto no conjunto da revelação e do mistério de Cristo, para que o texto possa se tornar uma Palavra de salvação para nós, hoje.
Ex: O alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia, certamente sabia ler; entendia perfeitamente cada palavra que lia do capitulo 53 do Profeta Isaias; porém, escapava-lhe o sentido revelador: “Como posso entender, se ninguém explica?”
“Filipe então foi explicando, e tomando essa passagem da escritura como ponto de partida, anuncio-lhe Jesus.”

Vejam a passagem inteira em Atos 8,26-40.

O leitor não pode ser daqueles que andam com um véu na frente dos olhos e do coração e, por isso, não compreendem as escrituras (ler 2Cor3, 12-18). Um leitor que não entendem aquilo que está lendo transmitirá dúvidas.
Somente o leitor que conhece a leitura e acredita naquilo que lê, será capaz de fazer da leitura um verdadeiro anuncio da Palavra.
Por isso, os leitores devem ter a oportunidade de fazer cursos bíblicos e ter livros e revistas à disposição, que os ajudem nessa tarefa.
As leituras das celebrações de domingo, merecem ser preparadas com muito gosto, isto é se sabemos que caberá a nós proclamar a leitura no domingo; podemos ir nos preparando desde o inicio da semana, lendo e estudando, meditando e assimilando..,recebendo esta Palavra como uma mensagem pessoal, antes de proclama-las na comunidade.
Quem conhece o método da leitura orante da bíblia, também chamada de lectio divina, poderá usá-lo nessa preparação, seguindo seus quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação.
De qualquer forma, a preparação inclui:
  • Conhecer bem o texto significa: saber para quem foi escrito? Onde e em que época foi escrito? Etc.
  • Sintonizar com o texto: reconhecer-se dentro do texto; Este texto serve para nós? Este texto diz respeito à nossa realidade?; Qual a mensagem de Deus para nós nesta passagem da bíblia? Etc.
  • Treinar a expressão do texto: Grife as palavras mais importantes e a frase principal, marque as pausas e faça bastante silêncio, sem o silêncio à palavra se perde no barulho, procure um tom de voz que combina com o gênero literário do texto, com os sentimentos expressos pelo texto.
  • Meditar e orar o texto: Guarde e medite a palavra no coração, como fez Maria (cf.Lc2, 19-51). “Coma” a Palavra, como fez Ezequiel (3,1-11) e João (Ap 10,10-11). Aprenda de cor as passagens mais significativas e repita-as varias vezes ao longo do dia, meditando-as.
Comece a preparar a leitura de sábado ou domingo no inicio da semana; assim terá o tempo necessário para assimilar melhor a Palavra no coração e na vida.

Meditar: Como costuma ser feita a preparação das leituras em nossa comunidade?


COMO PROCLAMAR UMA LEITURA?

Não basta ler, é preciso proclamar a leitura como Palavra de salvação, como Palavra que proclama o amor e a bondade de Deus; Palavra que liberta, dá vida e ressuscita.
Como Palavra que nos corrige, nos “poda”, nos purifica; como Palavra que denuncia as injustiças e a maldade; que nos chama à conversão e á comunhão com Deus e com os irmãos.
A Palavra transmitida pela leitura sempre deve atingir os ouvintes, (sendo que o próprio leitor é também um deles!), para que escolham entre a benção e a maldição, entre a vida e a morte: (cf.Dt30, 19-20).
A leitura deve ressoar dentro do contexto de nossa vida atual, com suas alegrias e seus problemas, conflitos e tensões..Ela deve penetrar no interior de cada individuo e iluminar e julgar sua consciência e seus atos: (cf. Hb4,12-13).

Quem Fala?
A força que a leitura tem de penetrar em nossa vida não vem da leitura em si, das palavras ou da narrativa; não vem tampouco da interpretação do leitor; a força da leitura vem da Palavra de deus, do verbo de deus: Jesus Cristo ressuscitado, pois, “quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja, é Cristo mesmo que fala” (SC, nº7).O leitor é, portanto um ministro, um servidor da Palavra, um porta-voz do senhor. Não fala em nome próprio, é canal de comunicação, Instrumento de ligação; ponte entre Jesus Cristo e o seu povo.
Para Cada Leitura um Tom Diferente.
É muito comum os leitores usarem o mesmo tom para todas as leituras: um tom bem característico; em geral, bastante impessoal. No entanto, as leituras tiradas da bíblia pertencem a gêneros diferentes, às vezes se trata da narração de um fato histórico, outras vezes se trata de uma poesia ou de uma norma jurídica; às vezes será uma parábola, ou um ensinamento ou uma profecia, outras vezes será um hino, ou uma oração, ou um provérbio, ou uma carta, um diário de viagem etc..Cada gênero literário deve corresponder um tom diferente, uma maneira diferente de dizer a leitura. Não se lê uma poesia como se fosse uma noticia de jornal; o tom do locutor que irradia o jogo de futebol é diferente do tom que usa o namorado para declarar seu amor à sua namorada... Ou, passando para os exemplos da bíblia: não podemos ler a Paixão de Jesus no mesmo tom que a pesca milagrosa ou o “Glória” dos anjos nos campos de Belém.
POSTURA DIANTE DA ASSEMBLÉIA.
  • Suba com tranqüilidade no momento de proclamar a leitura no Ambão.
  • Coloque-se em pé, com a cabeça erguida; as costas retas para poder respirar melhor; as mãos na ambão com o livro; onde houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distancia certa.
  • Olhe para a assembléia, “reúna”, “chame” o povo com o olhar..;jogue como que uma ponte até as ultimas fileiras; estabeleça contato.Tudo isso em silencio.Não olhe com cara feia, mas deixe que seu rosto exprime um ouço os sentimentos do Senhor Jesus para com o seu povo.
  • Faça a leitura de maneira calma e pausada, com dicção clara, e observando tudo o que ficou dito acima, e não perca o contato com a assembléia.
  • No final da leitura, aguarde a resposta da assembléia e depois tranquilamente, deixe a ambão e volte a seu lugar.
E assim, com a ajuda de Deus a leitura possa se tornar para você e para todos uma Palavra de Salvação.



Pedagogia, Metodologia e Didática na Catequese.

Pedagogia, Metodologia e Didática na Catequese. 
A catequese precisa se preocupar com a formação integral do catequizando, procurando educá-lo à luz da palavra de Deus, e que para isto, precisa conhecer a importância da pedagogia, da metodologia e da didática no processo catequético, é preciso perceber que a pedagogia da escola é diferente da pedagogia da fé.
 Enquanto que a primeira se ocupa em despertar na pessoa a consciência da própria dignidade e sua capacidade de exercer a cidadania em prol de uma sociedade mais humana, a pedagogia da Fé vai mais além, se ocupa em despertar o catequizando para uma autêntica vivência cristã, proporcionando o encontro da pessoa com Deus e com os irmãos, levando-a a conversão do coração e à mudança de vida.
A fé deve atingir a pessoa em sua totalidade e torna-se evidente a necessidade de se utilizar, além da Palavra de Deus, da Tradição e do Magistério da Igreja, as ciências humanas para a formação integral do catequizando. Muitos catequistas podem ficar encantados com o conceito de mistagogia( quer dizer: iniciação do mistério de uma religião) e cientes de que a sua missão primeira é a de levar os catequizando a fazer uma experiência profunda de Deus
          Quando a catequese é eficaz, quando é iluminada pelo testemunho de fé e vida do catequista, ela é transformadora: desperta o crescimento da fé, levando a pessoa a perceber a ação de Deus em sua vida; promove a participação ativa e perseverante na vida eclesial; valoriza e respeita as experiências individuais e a história de vida de cada catequizando.
          Sabemos que há um grande esforço dos catequistas no sentido de proporcionarem ao catequizando uma autêntica experiência de Deus, comprometendo-se com a vida, com o próximo e com a Igreja, mas é preciso despertar ainda, em muitos, a busca de maior profundidade na vida espiritual.
         É preciso haver sintonia entre pedagogia, metodologia e didática, pois um bom encontro depende de todos estes elementos; há diversos caminhos para a catequese, não havendo um método especifico ou ideal, o catequista deve valorizar a criatividade, a experiência e o conhecimento a fim de promover a interação entre fé e vida. É preciso levar sempre em conta a idade, a cultura e a capacidade da pessoa.
        Parece ser o mais adequado, não só para a catequese como também para as outras pastorais, o método ver-julgar-agir-rever-celebrar. 
       Nos encontros catequéticos os recursos didáticos têm grande valor, e é através deles que o encontro se torna dinâmico, alegre e atraente, percebemos que eles são, às vezes, limitados e dependem muito da boa vontade, da disponibilidade e do conhecimento dos catequistas; falta ainda formação que venha despertar no catequista para a importância dos recursos didáticos, a maneira, as técnicas, a criatividade, se bem utilizados, transformarão os encontros de catequese em momentos de alegria e de prazer.
       Olhando a vida de Cristo, entendemos que o Reino de Deus é para todos ele convida seus discípulos a pregar o Evangelho a todas as nações até a consumação dos séculos.
       A catequese ainda não consegue atingir as pessoas de todas as idades, mas esta é uma utopia que precisa ser concretizada.
       A catequese ainda se resume em preparar as crianças para a 1ª Comunhão, os jovens para a recepção do Sacramento da Crisma e alguns adultos para os sacramentos de iniciação, pois é urgente uma catequese eficaz com adultos, e é preciso que haja vontade de todos para que a catequese atinja a todos.
      Há grupos e esforços isolados (grupos de reflexão, novenas, encontros de formação, preparação para os sacramentos e outros). O que falta é uma ação conjunta.
      Quanto ao trabalho com os nossos irmãos portadores de necessidades especiais, já tivemos várias experiências bonitas, marcadas pela boa vontade dos catequistas, o que nos falta é a catequese ir até as famílias destas pessoas; os catequistas de um modo geral não estão preparados para estas situações, obtendo mais informações e formação para que aconteça, de fato, uma catequese de inclusão.
      A Catequese familiar, a catequese por acolhida, catequese nas casas é um sonho que poderá se tornar realidade mediante o trabalho de conscientização dos agentes pastorais, pais, padres, etc.é necessário envolver todos os cristãos no dinamismo da evangelização, desenvolvendo programas e encontros culturais nas comunidades, resgatando a religiosidade transmitida pelos pais, incentivando-os a assumir mais sua missão na educação cristã dos filhos.
      A integração da família na catequese é assunto que requer todo nosso empenho, cuidado e atenção.
      Este assunto pode clarear melhor os caminhos que nos conduzem a uma catequese segura, alegre e comunicativa, mostrando mais uma vez, a necessidade de preparação, formação e atualização contínua do catequista para que ele possa assumir, de uma forma mais segura e eficaz, a missão de educar e orientar as pessoas para a vida de fé.

A Realidade e a Missão da Catequese

A Realidade e a Missão da Catequese

A Igreja, que é ao mesmo tempo humana e divina, está inserida no contexto social, econômico, político, cultural e religioso de cada época, por isso, são muito importante que se considere a realidade local, pois é nessa realidade que a igreja catequiza e evangeliza seu povo.
Em função de sua inserção no mundo, a catequese sempre enfrentou desafios, desde os tempos mais remotos até os dias atuais, não podemos desanimar diante deles, mas é preciso disposição, coragem e força para enfrentá-los, esta força está no companheirismo e no trabalho em grupo.
 É a vivência comunitária da qual se fala tantas vezes. O próprio Cristo formou sua equipe com os doze apóstolos; preferiu contar com eles, valorizando assim à pessoa do outro.
Nos dias atuais, um grande desafio é a pressão exercida pelos conflitos sociais e econômicos, o que motiva a opção preferencial pelos pobres. Como viver isso na catequese? Como fazê-lo em comunhão com as outras pastorais. Que conceito temos de pobre? Outro desafio é a catequese com adultos e envolvimento dos pais no processo de formação religiosa dos filhos. É necessária a participação efetiva da família junto à catequese, é preciso resgatar a importância, o valor, a responsabilidade e o compromisso da família na sociedade atual.
A Igreja precisa também evangelizar a si mesma, trabalhar a unidade pastoral em busca dos mesmos objetivos. Outro desafio da catequese numa sociedade pluralista é ajudar o católico a firmar sua identidade religiosa e ao mesmo tempo dialogar com os que pensam diferente.
           Para enfrentar estes grandes desafios, o catequista deve ser apaixonado por sua missão, usar de toda criatividade, indo ao encontro do diferente, enfrentando as situações conflitantes com coragem, tendo sempre suas motivações arraigadas numa fé sólida e numa vida de oração e serviço, vivendo em comunidade.
 O catequista deve, permanentemente, ir em busca daqueles que ainda se encontram distantes, levando-os a vivenciar a Palavra de Deus. Deve também estar atento às mudanças, ser aberto ao diálogo e ao novo, disposto a viver um processo contínuo de atualização, ele deve se espelhar em Jesus Cristo, buscando uma experiência pessoal e comunitária de Deus e não apenas a transmissão de uma doutrina a ser seguida.
            Uma catequese organizada, capaz de atuar no mundo moderno, deve ter catequistas preparados, vivendo o Evangelho de forma concreta, preservando os valores cristãos: justiça, paz, partilha, amor e perdão.
Nossa ação catequética não pode estar baseada apenas em teorias, encontros e leituras frias e vazias, mas sim em atitudes de alegria, de dedicação e de compromisso no trabalho. Os catequistas precisam estar inteirados dos movimentos pastorais da comunidade paroquial para que haja unidade no trabalho e para que aconteça a interação entre fé e vida, são estas as formas de vencermos o abismo entre teoria e prática.
           A catequese tem como tarefa específica promover a iniciação da pessoa na vida de fé. Evangelizar, preparar o ambiente, conhecer a realidade, lançar as bases, erguer a construção e dar o acabamento.
 Na iniciação à fé, é importante uma boa preparação para o Batismo, Eucaristia e Crisma, lembrando, é claro, que catequese é processo permanente e não pode ser sacramentalista.
Devemos refletir mais sobre a Palavra de Deus para sermos capazes de enfrentar os problemas próprios da vida. Precisamos ser como os primeiros cristãos, em comunhão com o Espírito Santo, para vencermos os obstáculos; ser cristão é uma opção de vida, de dedicação, perseverança e coragem para implantar em todos os tempos e lugares o Reino de fraternidade, paz e justiça.
          O catequista deve mostrar o verdadeiro rosto de Deus: um Deus-Amor, misericordioso, bondoso e compassivo que quer nossa felicidade e que nos criou para o bem.
Deve aprender com os apóstolos que eram homens corajosos, destemidos, dinâmicos e criativos, só unidos em nome de Jesus e por causa dele os catequistas são capazes de dar testemunho de fé e coerência de vida.
Como organizar a catequese
Todos reconhecem que a catequese é um ministério porque é uma missão confiada por Deus para ajudar na caminhada de fé da comunidade, quando Deus chama para servir em seu nome, tornamos ministros dele, agimos, falamos em nome de Deus e em íntima comunhão com ele.
Grandes são os desafios na escolha de pessoas que vão exercer este ministério, pois há falta de responsabilidade, de compromisso e de interesse pela formação, com isso, os catequistas ficam sem bagagem, sem a devida preparação. Pouco a pouco, as pessoas envolvidas vão se conscientizando da responsabilidade desta missão, alguns  fraquejam, outros vão desistindo pelo caminho.
É preciso que haja maior motivação.
A paróquia tem a responsabilidade de proporcionar momentos de formação e mais recursos como manuais, revistas, vídeo etc. Os catequistas, por sua vez, precisam de muita criatividade, fazendo uso de músicas, dinâmicas, brincadeiras e encenações para atrair os catequizando.
            Para melhorar a organização da catequese na paróquia e nas capelas, será necessária uma maior conscientização dos paroquianos e integração das diversas pastorais com a catequese, pois esta precisa do apoio da Pastoral Familiar, da equipe de Liturgia, da Pastoral do Dízimo etc.
É de grande dificuldade a presença dos pais no envolvimento das atividades da catequese, ás vezes, nem o Conselho de Pastoral reconhece a importância que há no trabalho dos catequistas.
            Também o pároco precisa ser motivado a priorizar a catequese no projeto paroquial de evangelização e ação pastoral, é importante que ele incentive os catequistas, e acompanhem a formação e as atividades dos catequistas, indiquem e adquirem subsídios, repassem as orientações diocesanas, zelem pela espiritualidade dos catequistas, acompanhem de perto os coordenadores paroquiais, cobrando a participação dos catequistas na formação.
           Para uma justa divisão de responsabilidades, falta consciência do papel de cada um, planejamento comum e compromisso com o que é decidido por toda faltam também unidade e comunhão de idéias entre as paróquias com as capelas, algumas não falam a mesma linguagem, nem todas comungam do projeto que são elaborados.
Outra idéia também pode ajudar: esclarecer em todas as instâncias o que é a catequese e o seu real objetivo; formar os coordenadores para um maior compromisso dentro de sua pastoral, buscando a pastoral de conjunto; valorizar o ministério da catequese, com provisão específica, depois de uma formação básica.
           Quanto aos catequistas, muitos desafios precisam ser vencidos: receio de assumir o compromisso diante de realidades difíceis; o pouco interesse pela formação permanente e pela espiritualidade e a falta de mística.
 Fazer deslocamento dos catequistas das comunidades até a matriz, para um momento de formação que não dificulte a sua participação, em comunidades pequenas quase tudo cabe à catequese decidir, pela ausência de outras pastorais.
 A semente foi lançada e trouxe muita abertura, motivação para melhorar, revisão de conceitos, procedimentos, condutas e divisão de responsabilidades na organização geral da catequese, inclusive mostrando a tarefa de cada membro da coordenação.
Alguns investimentos são importantes: formar pequena biblioteca, videoteca, adquirir material para consulta, apoio dos conselhos quanto ao espaço físico e horário, formar formadores.
           A idéia do Plano Arquidiocesano de Catequese foi muito bem aceita e indica o crescimento e fortalecimento das estruturas catequéticas.
Alguns passos são importantes: que todos os párocos apóiem e coordenem o plano em sua paróquia; que seja criada, em comunhão com a arquidiocese, uma Escola Catequética; que se pense numa catequese para todos os agentes pastorais, através de uma formação continuada; que se valorize a catequese familiar.











O RELACIONAMENTO DO CATEQUISTA COM AS CRIANÇAS:

O RELACIONAMENTO DO CATEQUISTA COM AS CRIANÇAS:

a)                  Preparação da sala: Este é um detalhe muito importante para este grande momento, mesmo com os poucos recursos de que se dispõe, será possível criar um ambiente agradável, isto é, (trabalhar um pouco a nossa criatividade). Colocar as cadeiras ou bancos em forma de circulo, já modifica o ambiente em sala, dando uma característica de escola.
b)                 Acolhimento das crianças: As crianças devem encontrar no catecismo um ambiente familiar, onde se sintam à vontade, para que possam ser elas mesmas, isto é, simples, abertas, alegres, colegas e amigas.É importante que o catequista chegue antes para receber as crianças, acolhendo cada uma com simpatia, aproveitando também esses momentos para incentivar o entrosamento das crianças entre si.
c)                  Ambiente: Que seja claro, que não seja pesado, irritante e barulhento; observar sempre se as crianças estão bem instaladas nas cadeiras ou bancos, se estão prestando atenção, lembre-se que este ambiente deva ser agradável.
d)                 A duração do catecismo: vai ser conforme as regras da diocese.
e)                  Vocabulário: É preciso escolher bem as palavras (nem difíceis, nem gíria ou palavras de duplo sentido); levar em conta sobretudo o vocabulário reduzido da criança.
f)                   Tom de voz: Nem alto, nem baixo, mas que todos possam ouvir e se possível falar devagar para que as crianças entendam.
g)                  Dialogo: Não simples demais, mas que exija certa reflexão, evitando perguntas com duplo sentido para que não haja dupla respostas. Ex: Quem é o nosso melhor amigo?; Não perguntar só aos mais inteligentes, mas suscitar a participação de todos, e esperar pacientemente a resposta. Todas as perguntas devem ser relacionadas com a idéia central de cada encontro.
h)                  Pontos importantes no dialogo: 1) Acolher a opinião da criança, respeitando seu ponto de vista. 2) Saber ouvir com paciência o que a criança tem a dizer. 3) Questionar de maneira simples o que a criança diz sempre: Por que? Como? Para que? Sem forçá-la a tomar uma decisão ou fazer uma escolha imediata. 4) Não exigir demais da criança, seja em respostas ou atividades , mas cobrar aquilo que promete. 5) Dizer sempre a verdade sem rodeios e se a criança faz uma pergunta difícil, o mais prudente é dizer que vai se informar melhor para depois dar a resposta certa.
i)                    Atitude do catequista: 1) Não ter preferência por esta ou aquela criança. 2) Nunca chamar a atenção de uma criança diante da outra. 3) Se possível esquecer a palavra’aula’ e sempre dizer ‘encontro de catequese’ porque na verdade a catequese é um encontro do catequista comas crianças, das crianças entre si e de todos com Jesus Cristo.

O RELACIONAMENTO DO CATEQUISTA COM OUTRO CATEQUISTA:

A amizade e a união entre catequista é algo importante por dois motivos:

1)                 Em vista de uma mesma missão, é que há necessidade de trocar experiências, de ter um objetivo comum e isto se realiza através de:

a)                  Reuniões de catequistas, que podem ser feitas semanais, quinzenal ou mensalmente; estas reuniões são de suma importância para os catequistas, pois permitem a oportunidade de: 1) Preparar juntos os encontros para as crianças. 2) Organizar juntos o material a ser utilizado na catequese. 3) Trocar experiências. 4) Dar novas sugestões. 5) Decidir pontos importantes da catequese. 6) Discutir e encontrar soluções para as dificuldades.
b)                 Dia do encontro: Aprofundamento de alguns temas e conhecimento de novas técnicas.

2) O relacionamento do catequista: A amizade entre catequistas exerce influência sobre o relacionamento das crianças, direta ou pelo menos indiretamente; além disso certas atividades como: Organizar festinhas, teatro, um passeio que deve ser planejado, consultando, ouvindo e até solicitando participação de outros catequistas como também das crianças e de outras pessoas.
 O fato de envolver outras pessoas não evita briguinhas, ciúmes, como também facilita a obtenção de recursos, contribuições, o despertar o interesse de muitos e até da comunidade toda.   

O RELACIONAMENTO DO CATEQUISTA COM OS PAIS:

1)                 O papel da família: Os pais são os primeiros educadores da criança, na infância a influencia da família é quase total; é importante no ambiente familiar que a criança deveria encontrar tudo de que necessita para sua formação.
A educação deverá ser feita pelos pais, isto também é valido para o plano cristão; na idade da razão a criança começa a participar ativamente de outras organizações educativas como: escola, catecismo; contudo, a criança continuará por muito tempo ainda na dependência dos pais, nenhuma ação educativa terá tanta eficácia, nem poderá ser exercida por tempo e de maneira tão preponderante como a da família.
      2) Necessidade de conhecer a família: Partindo do principio de que a colaboração  da família é necessário, a primeira tarefa do catequista será portanto tentar   conhecer a família da criança para que a educação religiosa ministrada no  catecismo esteja de acordo com a educação familiar.
            Para que isto aconteça o catequista precisa conhecer: As condições de vida como moradia, trabalho, acontecimentos familiares, este  são pontos fundamentais, porém muito delicados, neste ponto devemos ter  cuidado para não ferir a sensibilidade da família.
            Os valores educativos: Captar os valores morais sobre os quais em geral a família insiste na educação tais como honestidade, senso de responsabilidade colaboração, esforço e dedicação.
            Os valores religiosos: Para esse tipo de conhecimento as visitas regulares são importantes, como meio de conhecer a família e o ambiente em que a criança vive;                           daí a necessidade do catequista alargar sua visão de modo a atingir os interesses, a mentalidade e a experiência da família que em geral são direcionadas para a própria criança; neste caso para que a criança possa vivenciar a mensagem não basta que seja motivada pelo catequista, mas sobretudo que encontre o devido apoio por parte da família.
      3) Colaboração da família: É necessário que os pais sejam informados e conheçam
O verdadeiro sentido da catequese, para que possam compreender qual a tarefa que lhes cabe e que a igreja quer que eles exerçam juntos aos filhos. O catequista empregará todos os meios possíveis para que a família fique a par da catequese que está sendo realizada; também terá necessidade de agir com muita paciência e levar em conta as reais possibilidades de cada família, a fim de não exigir dos pais uma colaboração que eles não saberiam compreender, nem realizar de modo autêntico.
       4) Reuniões com  pais: É importante que haja reuniões periódicas com os pais, ter   um dialogo com eles sobre assuntos de seu interesse ou sobre os problemas do dia-a-dia, Ex: dificuldade na educação do filho, situação do bairro que interfere  na educação, problemas econômicos, etc.; deixar falar sobre sua experiência,   preocupações, mas para que percebam a relação que a religião tem com a vida diária. É necessário ter um ambiente alegre, agradável, mesmo que tenham poucos recursos para que se sintam bem motivados a voltar para outras reuniões, no sentido de envolve-lo e talvez até engaja-los, pedindo sugestões a respeito  das próximas reuniões.
            Evitar reuniões com muita gente, é conveniente reunir os pais em grupos de 10 a 20  para facilitar o dialogo e a participação de todos; isto facilitará pouco a  pouco a criação de ambiente familiar.
           O catequista poderá preparar as reuniões com a ajuda de outro catequista ou de uma outra pessoa da comunidade , até mesmo de alguns pais ( isso seria ideal); não levar para reuniões lamentações e queixas sobre as crianças.

O RELACIONAMENTO DO CATEQUISTA COM A COMUNIDADE

O que se pretende com a catequese é preparar a criança, para que aos poucos, possam ingressar na comunidade, mas o ideal seria se os pais já estivessem entrosados, a catequese neste ponto deve ser uma das atividades prioritária da comunidade, não um trabalho isolado.
Não basta o catequista estar informado, sabendo o que se passa na comunidade, mas entrosar a catequese com as outras atividades existentes, visto que a criança gosta muito de atividades e nestas atividades que elas possam se entrosar umas com as outras.
O catequista poderá também colocar numa reunião da comunidade os problemas que por acaso esteja encontrando, seria um grande erro lembrar que existe a comunidade só na hora da dificuldade.






           

                
      

Como ler a Bíblia?

Como ler a Bíblia?

·                     Dedique um tempo diário para estudar e meditar a Bíblia: pode ser pela manhã, logo após acordar; ou, depois do almoço ou da janta; ou antes, de dormir; ou, ainda, qualquer outro horário que se adapte ao seu tempo livre. A quantidade de tempo também pode ser livremente estabelecida: 10, 30, 60 minutos ou mais. Quanto mais tempo você tiver, melhor! Porém, divida o tempo total para as duas atividades que devem ser feitas: leitura e estudo. O ideal é dividir na ordem de 1/3 e 2/3, respectivamente. Assim, se você resolver dedicar 15 minutos diários, use 5 minutos para leitura e 10 minutos para o estudo.
·                     Após estabelecer o horário que melhor o satisfaça, cumpra-o rigorosamente, não esquecendo nem adiando nenhum dia, mesmo que se sinta cansado. Lembre-se: devemos amar a Deus sobre todas as coisas!
·                     Se você não tiver uma Bíblia, adquira uma. Compre, entretanto, em livrarias católicas, pois as versões comercializadas por livrarias evangélicas são incompletas quanto ao Antigo Testamento (faltam 7 livros e alguns trechos de Ester e Daniel). Existem Bíblias com uma linguagem mais simples (ex.: "Bíblia Ave Maria") e outras mais técnicas (ex: "Bíblia de Jerusalém"); leve aquela que esteja dentro da sua linguagem e das suas condições. Além disso, compre um caderno e também um comentário bíblico. As editoras católicas disponibilizam diversos comentários, dos mais simples aos mais completos. Folheie-os com calma e encontre um que atenda seus requisitos de linguagem e complexidade.
·                     Adquirido o material e chegada à hora do estudo, com a Bíblia nas mãos, inicie com uma oração ao Espírito Santo, pedindo para que o ilumine. Pode ser a seguinte ou uma outra semelhante e espontânea:
"Espírito Santo: Tu inspiraste estas palavras. Ilumina a minha mente para que eu possa compreendê-las. Vem, Espírito Santo, ilumina o meu coração e o meu entendimento. Ajuda-me a reconhecer a Verdade eterna que preciso para agradar a Deus. Amém."
·                     Selecione a leitura. Há várias formas de se fazer isto... Você pode seguir a sugestão da Igreja e ler as leituras selecionadas para o tempo litúrgico em que estiver (algumas Bíblias trazem essa seleção de textos em apêndice no final do volume; caso sua Bíblia não possua essa indicação, imprima as páginas das Leituras Dominicais e Semanais que disponibilizamos neste Site) ou ler a Bíblia na forma seqüencial, a partir do primeiro livro (neste caso, particularmente sugiro que se inicie pelo Novo Testamento - por ser mais dinâmico - para só depois se passar para o Antigo Testamento).
·                     Leia com atenção - sem pressa e meditativamente - cada versículo. Não se incomode de precisar voltar a ler alguma passagem não muito clara. Releia todo o texto mais uma ou duas vezes, pois sempre acabamos percebendo algo que deixamos escapar na leitura anterior...
·                     Identifique-se com os personagens em cada cena. Se estiver lendo os Evangelhos, coloque-se no lugar do sofredor Lázaro, no lugar de Mateus convidando Jesus para uma refeição... Considere tudo o que Jesus fala como diretamente dirigido a você. Ao ler as epístolas, além da voz do Apóstolo e do Espírito Santo, reconheça a voz da Igreja, exortando-o a aumentar e amadurecer a fé.
·                     Termine a leitura também com uma oração ao Espírito Santo, como, por exemplo: "Fala Senhor: teu servo está te ouvindo. Aqui estou Senhor!", ou "Senhor: aqui estamos, Tu e eu, juntos agora. Fala-me, pois eu te escuto!". Faça, então, um breve silêncio.
·                     Inicie o estudo lendo com calma e atenção o comentário sobre o texto lido. Leia também todas as notas de rodapé existentes na sua Bíblia: elas são importantes principalmente para os pontos mais obscuros.
·                     Prossiga o estudo tomando nota das passagens que mais o tocam. Neste ponto, sugiro que se utilize o método do pe. Jonas Abib, dividindo as citações em cinco pontos:
1.                   Promessas: é tudo aquilo que Deus promete àqueles que cumprem (ouvem e praticam) a Sua Palavra. São promessas em que podemos seguramente confiar. Ex.: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou no meio deles" (Mt 18,20); v.tb.: Jo 1,12; Lc 11,13; Ef 6,8.
2.                   Ordens: são os mandamentos que devemos obedecer durante a nossa vida, onde demonstramos a nossa fidelidade a Deus. Ex.: "Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado" (Jo 13,34); v.tb: Mt 5,37; Mc 16,15; Lc 6,27-28.
3.                   Princípios Eternos: são as leis que regem o Reino de Deus e não devem ser confundidos com as ordens. São os segredos do funcionamento do Reino. Ex.: "Para os puros, todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes, nada é puro; até sua mente e consciência são corrompidas" (Tt 1,15); v.tb: Lc 6,36; 18,14; 1Tm 6,7.
4.                   Mensagem de Deus para Hoje: certamente Deus tem uma mensagem para você. Faça de maneira pessoal, com suas próprias palavras.
5.                   Como Aplicar a Leitura na Vida: é a parte mais pessoal e mais concreta. Anote e coloque em prática tudo o que descobrir. É a maneira decisiva para mudar o comportamento (ser e agir) e o relacionamento com Deus.
·                     Para terminar o estudo, releia o comentário bíblico e as suas anotações. Observe, então, a incrível unidade que existe entre eles. Se você quiser - e é altamente recomendado! - tente relembrar a leitura do dia anterior; se possível, memorize o versículo principal, o núcleo da mensagem.
·                     Termine o seu "dever de casa" com uma oração espontânea agradecendo a Deus pelas descobertas do dia e certo de ter aumentado a sua intimidade com Ele. Lembre-se sempre: Não caia no erro de querer ler somente a Bíblia sem a ajuda da Igreja, achando que pode interpretá-la de forma particular. Essa tese é protestante e anti-bíblica. Foi por causa disso que o sectarismo se instalou no mundo cristão, existindo hoje mais de 20.000 denominações - todas elas com mensagens "muito particulares" e distintas umas das outras.
 

O Culto as Imagens

O Culto as Imagens
Por não vermos Maria como desejamos coroamos suas imagens que apenas representam; imagens não operam milagres, mas milagres acontecem para quem faz uso de sinais de maneira correta. Ex: Faróis não salvam vidas, mas vidas se salvam quando se faz bom uso dos sinais de trânsito.Freio mal usado mata; freio bem usado salva, imagens mal usadas matam a fé e levam a idolatria, imagens bem usadas aproximam de Deus. Foi assim com os Querubins de ouro que o próprio Deus mandou colocar na Arca da Aliança (Ex.25,1 8), e com a serpente de bronze erguida no deserto(Nm.21 ,8).
Todos que eram picados olhava para ela e ficava curado.Eram estátuas, mas não eram ídolos; apontavam para Deus, mas quem desrespeitou a Arca morreu (I Sm. 6,l 9). A Arca e suas imagens fizeram bem para quem fez bom uso delas; o bezerro de ouro era ídolo (Ex.32,1), por isso foram condenados.
Nós católicos sabemos a diferença, por isso temos imagens e não ídolos; somos inteligentes para não ler a Bíblia de maneira caolha, com uma só perspectiva, fazendo uso só das passagens que condenam as imagens. A Bíblia tem e permite o uso delas; vemos o Espírito, e não a letra, porque a letra mata e o Espírito da a vida, aceitamos a proibição de fazer imagens para adorá-las.
Nossa veneração às imagens não é idolatria, o que importa é o que Deus vê em nosso coração, se um católico souber que o outro está adorando uma estátua e esperando milagre dela, falando com ela como se ela ouvisse, deve corrigi-lo. E isso leva a idolatria; mas se seu irmão estiver apenas olhando, é melhor deixa-lo em paz, não é difícil de entender sobre as imagens quando se pratica uma religião de maneira inteligente.

As Imagens: Por que?
A questão do culto das imagens é muito discutido hoje em dia, pois há pessoas que julguem que se trata de idolatria; baseando-se em texto do Antigo Testamento, muitas das vezes conseguem confundir os mais simples, dizendo que Deus proibiu fazer imagens; neste estudo iremos demonstrar que Deus não proibiu fazer imagens, mas, aliás, mandou fizer.
O tema sobre as imagens é muito polêmico, membros de seitas evangélicas acusam os católicos de adorarem imagens; apesar,que muitas vezes confunde os mais simples, dizendo que Deus proibi de fazer imagens.
O nosso objetivo aqui é demonstrar que Deus não proibiu fazer imagens; aliás, mandou fazer.
Vamos esclarecer alguns pontos e significados sobre algumas palavras que são dúvidas para alguns católicos.
IMAGEM - É uma representação de um ser em aspecto físico; a imagem pode ser uma estátua, fotografia, etc..
ADORAR — É um ato de adoração dado somente para Deus, Senhor e Único Criador do mundo; porque só ele é o Criador e Senhor do universo.
ÍDOLO - Todos nós sabemos que esta palavra é considerada um falso deus, inventado pela fantasia humana (ex-sol, animais etc)
IDOLATRIA — E um ato de adorar um falso deus, e colocar este falso deus como criador e senhor do universo. Este é o pior pecado e mais grave que se possa fazer.
VENERAR — É Ter um respeito por aquele Santo que são modelo de fé na prática da caridade.
Analisemos que Deus proíbe a fabricação de ídolos e não de imagens.
Vejamos na Bíblia (Ex 20, 1-5).
Como você vê Deus proíbe severamente esta fabricação de imagens de ídolos (falso deus) para colocar no lugar de Deus verdadeiro, mas quando as imagens não, são para serem colocadas no lugar de Deus, isto é, quando estas imagens não são para serem adoradas então o mesmo Deus manda fazer:
Vejamos alguns trechos Bíblicos:
·        (Êx 25, 18-22       (Nm21,8)                    (1 Reis6,26)      (Sb16,5-8)                   
·        ( l Reis6,29)         (1Reis7,13-51)
A proibição de Deus foi de fazer imagens de ídolos, isto é, falsos deuses e prestar-lhe culto de adoração, as imagens dos santos, os monumentos aos heróis nacionais, essas imagens não são ídolos, mas retratos de pessoas que se destacaram na fé em Cristo e tendo amor ao próximo, são pessoas que receberam graças diante de Deus e devemos imitar este gesto.

Deus proíbe a fabricação de Ídolos e não de Imagens.
1- O Antigo Testamento
Uma vez que o povo Hebreu estava cercado de povos que adoravam ídolos (falsos deuses),e para que o povo Hebreu não os imitassem este horrível pecado, Deus fez saber ao seu povo: ler no livro do(Ex.20,1 -5).Por que esta proibição, para que o povo de Israel não as adorasse, como faziam os povos vizinhos, como você percebe Deus proíbe a fabricação de imagens de ídolos (falsos deuses) para serem colocados no lugar do Deus verdadeiro e único.
 Notemos que o Senhor mesmo mandou confeccionar imagens para sustentar a piedade de Israel vejamos; Ex.25,1 7-22; neste texto fala do propiciatório que quer dizer, a sala dos Santos dos Santos, a bíblia costuma dizer que “Javé está sentado sobre os Querubins”(1Sm.4,4; 2Sm 6,2; 2Rs.l0,15-1 6).
_Querubins: são esfinges aladas que flanqueavam os tronos Divinos; os Querubins e a Arca são o trono de Iahweh a “sede” da presença invisível.
* 1 Rs6, 23-29; Ex.25,18-22; Nm. 21 ,4-9; 2Sm 6,5-8;1 Rs,7,23-26.28s.
Os Judeus compreendem que a proibição de fazer imagens era condicionada por circunstâncias transitórias, de modo que aos poucos foram introduzindo o uso das imagens nas suas sinagogas, como você vê, Deus não proibiu de fazer imagens, pois ele mesmo a mandou fazer; Deus proibiu fazer imagens de ídolos, (falsos deuses) e a ele prestar culto de adoração.
As imagens como de Maria, Santos, monumentos de heróis nacionais, não são ídolos, mas retratos de pessoas que se destacaram na fé em Cristo e no Amor ao próximo é que devemos imitar.
Na Bíblia ajoelhar-se ou prostrar-se diante de uma pessoa não significa adoração e sim veneração, homenagem, respeito, saudação, etc,. Existem algumas passagens como: Gn. 27,29; 1Rs.1,16-22; Ex,1 8,7;1Rs.1,1 6. “Betsaida não adorou o Rei, mas reverenciou.
2- O Novo Testamento:
Pelo Mistério da Encarnação Deus quis dirigir-se aos homens por meio de uma figura humana de Jesus, o messias; este por sua vez, quis ilustrar as realidades invisíveis através das imagens, inspiradas pelas coisas visíveis; ele utilizou parábolas e alegorias que se referiam aos lírios do campo, a figueira, os pássaros do céu, o bom Pastor, a mulher que perdeu sua moeda e ao filho pródigo...
Nas igrejas, as imagens tornaram-se a Bíblia dos iletrados, dos simples e das crianças, exercendo função pedagógica de grande alcance; é o que notaram alguns cristãos (escritores) antigos; “O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente”(São Gregório de Nissa,Séc.IV).
E ainda; “O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem é para os que não sabem ler”(São João Damasceno,SécVIII ).
            O Papa São Gregório Magno escrevia a Sereno, Bispo de Marselha em fins do Séc. VI:
“Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas não para ser adorado, mas para ser venerada, uma coisa é adorar uma imagem; outra é aprender mediante esta imagem, a quem se dirigem as tuas preces. Mediante as imagens, eles aprendem o caminho a seguir; a imagem é o livro daqueles que não sabem Ler”

O significado de palavras bíblicas:
Querubins: este nome corresponde ao dos Karibu Babilônicos; metade homens, metade animais, que vigiavam as portas dos templos e dos palácios; segundo as descrições Bíblicas e a iconografia oriental, os querubins são esfinges aladas; no templo de Jerusalém rodeiam a arca(l Rs,6,23-28).
Eles aparecem de maneira segura no culto a lahweh somente a partir da estada da arca em siló, onde se dirá que Iahweh “Assenta-se sobre os querubins”(l Sm.4,4; 2 Sm.6,2; 2Rs19,15) ou cavalga os querubins” (2Sm.22,11; Sl118,1 l).Em Ez.1 e lO eles puxam o carro Deus.
Propiciatório: a sala do propiciatório se chama o Santo dos Santos; lahweh aparece sobre o propiciatório e é de lá que ele fala a Moisés(Ex.25,21,22; Lv.16,2: Nm.7,8 e 9)
Serpente Abrasadora: Abrasador (Is.30,6) que representa como uma serpente alada ou dragão nome dos Serafins de Is.6,2-6 vem da mesma raiz.
Serafins etimologicamente: os “abrasadores”,estes seres alados só do nome tem em comum com as serpentes abrasadoras de (Nm.21,6; Dt 8,15) ou voadores de (Is.14,29); são figuras humanas munidas, porém de seis asas, que lembram os seres misteriosos que conduzem o carro de lahweh em Ez.l e 10 chama de “Querubins” como as figuras análogas fixadas na Arca (Ex.25,18).A tradição posterior deu o nome de Serafins e Querubins as duas categorias de Anjos.


     REFERÊNCIA:
·        Battistini, Frei - Igreja do Deus Vivo; 1ªEdição-vozes, 1991.

·        Estevão Tavares Bettencourt,OSB.Católicos Perguntam; 5ªEdição-1997.

·        OLIVEIRA, Jose fernandes de. (Pe.Zezinho, SCJ) Católicos Serenos e Felizes --2 —Paulus,1997-SP

·        A Bíblia de Jerusalém.




A Criação da Humanidade do livro Gn: 1-11

 
A Criação da Humanidade do livro Gn: 1-11

“O homem e a mulher são criados em idêntica grandes dignidade, a imagem de Deus”; no seu “ser homem” e seu “ser mulher” refletem a sabedoria e a bondade do criador.
Deus não é de modo algum à imagem do homem, nem é da mulher, Deus é puro espírito, não havendo nele lugar para a diferença dos sexos; mas as “perfeições” do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as de esposo (Cf. Os 11 1-4; Jr 3,4-19), Mãe (Cf. Is 49,14-15; 66-13) e de um pai.
No livro do Gn 1,26: Deus disse: “Façamos o homem” a nossa imagem, como a nossa semelhança...
Façamos; este plural pode identificar uma deliberação de Deus com sua corte celestial (os anjos, Gn 3, 5-22); tradução grega seguida do SL 8, 6, retomada em Hb 2,7 assim compreendeu o texto; ou então esse plural exprime a majestade e a riqueza interior de Deus cujo nome comum em hebraico é de forma plural, Elohim. Nesta linha se inclina à interpretação dos padres, que aqui viram insinuadas a trindade.
Gn 3,22 disse Deus: Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre.
Bem e Mal: O Homem pecador se constitui juiz do bem e do mal (Gn 2,17) o que é privilégio de Deus.
Gn 4,1 Caim e Abel; Esta narrativa que supõe uma civilização já evoluída, um culto, outros homens que pudessem matar Caim e todo um clã que o protegerá, pode referir-se primeiramente não aos filhos do primeiro homem, mas ao pai, Epônico dos (1Cor 2,55) quenitas (CAINITAS: Nm 24,21). Reportada pela tradição javista às origens da humanidade, ela recebe uma dimensão geral;
Depois da revolta do homem contra o Deus, vem à luta do homem contra o homem, a que se oporá,  o duplo mandamento que resume a lei, o amor a Deus e ao próximo (Mt 22,40).
Gn 4,1-96; O autor sagrado sabe perfeitamente que Caim não é o primogênito de Eva nem viveu nos primórdios da humanidade, pois esta já era numerosa a ponto de o culto estar organizado as civilizações sedentárias (agricultores), nômades (pastores), estarem constituídas a lei tribal da vingança do sangue vigorando desde os tempos remotos.
Esse Caim sul-palestinense é apenas um longinguo descendente espiritual do “Caim-Mor” que é a humanidade pecadora.
            A primeira mulher que de serva de um marido, torna-se mãe de um homem.
Gn 4,15: “Quem matar Caim será vingado sete vezes”.
E Iahweh colocou um sinal sobre Caim.
Sinal: O “sinal de Caim”, não é um estigma Infamante, mas uma marca que protege, designando-o como membro de um clã, onde se exerce duramente a vingança do sangue.
Descendência; Resquício de uma genealogia javista; os nomes aparecerão com variantes, na genealogia sacerdotal de set, entre Cainá e Lamec (Gn 5,12-28). Esta lista ligada artificialmente a Caim, filho de Adão condenado à vida errante; aqui Caim é o construtor da primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros, das matrizes (v.22), que provém às comodidades e aos prazeres da vida urbana. Esses processos são atribuídos pelo autor javista a linhagem de Caim, o amaldiçoado.
Caim numa língua semita poderia significar o “laminador”; “Pai de todos laminadores” (v.21 e 22), são ligadas á três ancestrais cujo, os nomes fazem assonância, e recordam os ofícios de seus descendentes: Jabel (Sig. Conduzir); Jubal (Tôbel, “trombeta”); Tubal (nome de um povo do norte, Gn 10,2; na região dos metais).
Gn 5,1; Esta passagem fala da genealogia da tradição sacerdotal. Liga-se ao capítulo 2,4; ela quer preencher o intervalo entre a criação e o dilúvio, como a genealogia de Sem (11, 10-32), cobrirá o tempo que vai do dilúvio a Abraão; não se deve procurar aqui uma história ou uma cronologia; os nomes são de uma antiga tradição muitos são reencontrados na lista javista dos descendentes de Caim (4,17s). Os números são bastante diferentes do Pentateuco jamaritano e na versão grega; uma longevidade é atribuída aos primeiros patriarcas, porque se acredita que a duração da vida humana diminuirá seguindo os grandes períodos do mundo; ela não será mais do que de 200 a 600 anos entre Noé e Abraão; e de 100 a 200 anos para os patriarcas hebreus; apontou sua piedade como exemplo (Eclo 44,16; 49,14) e lhe atribui livros apócrifos (Cf. Jd 14,15).
Gn 6,1; Esta leitura mostra quando os homens começaram a ser numeroso sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulheres todas as que lhe agradaram.
O autor sagrado se refere a uma lenda popular sobre os gigantes, que seriam os titãs orientais nascidos da união entre mortais e seres celestiais, sem se pronunciar sobre o valor dessa crença e velando seu aspecto.
           Mitológico ele apenas menciona essa lembrança de uma raça insolente de super-homens como um exemplo da crescente perversidade que motivará o dilúvio.
O judaísmo posterior e quase todos os primeiros escritores eclesiásticos viram nesses “filhos de Deus” anjos culpados; mas a partir do Séc. IV em função de uma nação mais espiritual dos anjos, os padres interpretaram comumente os “filhos de Deus” como a linguagem de set, e as “filhas dos homens” como descendência de Caim.
O dilúvio combina duas narrativas: uma javista cheia de colorido e de vida (6,5-8; 7,1-5.7-10) remanejada (12.16b.17.22.23; 8,2-3 a.6-12.13b.20-22); a outra sacerdotal mais precisa e mais refletida, porém mais seca (6,9-22; 7,6-11.13-16 a 18-21.24; 8,1-2 a. 30-5.13 a. 14-19; 9.1-17). O redator respeitou esses dois testemunhos recebidos da tradição, sem procurar suprimir suas divergências de detalhe. Possuem-se muitas narrativas babilônicas sobre o dilúvio, as quais apresentam notáveis semelhanças com a narrativa bíblica; esta não se depende daquelas, mas haure da mesma herança comum: A lembrança de uma ou várias inundações desastrosas do Vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição aumentou com as dimensões de um cataclismo universal.
Mas visto está o essencial, o autor sagrado dotou essas lembranças de um ensino eterno sobre a justiça e a misericórdia de Deus sobre a malícia do homem e a salvação concedida ao justo (Cf. Hb 11,7); é um julgamento de Deus, que prefigura o dos últimos tempos (Lc17, 26s; Mt24, 37s), como a salvação concedida a Noé, figura da salvação pelas águas do batismo (1 Pd3,20-21).
Este arrependimento de Deus exprime,  a maneira humana a exigência de sua santidade que não pode suportar o pecado; o “arrependimento” de Deus significa o aplaca mento de sua cólera e a retirada de sua ameaça (Jr 26,3).
Gn9, 1-2; Fala da nova ordem do mundo; isto significa que o homem é de novo abençoado e consagrado rei da criação, como nas origens, mas não é mais um reinado pacífico. A nova época conhecerá a luta dos animais com o homem e dos homens entre si; a paz parasíaca só reflorescerá nos últimos tempos (Is 11,6-9).
Gn10; O povoamento da Terra; esta forma de genealogia, neste capítulo fornece um quadro dos povos agrupados, menos segundo suas afinidades étnicas do que segundo seus relacionamentos históricos e geográficos:
Os filhos de Javé povoam a Ásia menor e as ilhas do Mediterrâneo.
Os filhos de Caim, os países do sul, Egito, Etiópia, Arábia e Canaã lhes são ligado em lembrança da dominação egípcia sobre esta região; entre esses dois grupos estão os filhos do Sem: elamitas, assírios, arameus e os ancestrais dos hebreus.
Resumindo os conhecimentos sobre o mundo habitado que se podia ter em Israel, no séc. VIII – VI a.cele afirma a unidade da espécie humana, dividida em grupos a partir de um tronco comum. Essa dispersão aparece (10,32) como realização da benção de (Gn 9,1).
Gn 11; Fala da Torre de Babel; esta narrativa javista dá uma outra explicação para a diversidade dos povos e das línguas: é o castigo de uma falta coletiva que, como a dos primeiros pais (Gn3), é ainda uma falta por excesso (v.4); a união só será restaurada com Cristo salvador; milagres das línguas em pentecostes (At. 2,5-12).
No (v.4) a tradição se interessou pelas ruínas de uma dessas altas torres em andares, que se construía na Mesopotâmia como um símbolo da montanha sagrada e um repositório da divindade.
Os construtores teriam desse modo procurado um meio de encontrar seu Deus; mas o javista vê nisso uma iniciativa de um orgulho insensato, este tema da torre combina com o da cidade: é uma condenação da civilização urbana (Cf.4, 17).
“Babel, é explicado pela raiz “confundir “ .
Babilônia significa na realidade: “Porta do deus”.
O horizonte se restringe aos descendentes diretos de Abraão (v.27): A história da raça eleita vai começar e o quadro genealógico se detalha para apresentar os pais de toda a raça: Abrão e Sarai, cujos nomes serão mudados em Abraão e Sara (17, 5-15 ).
           O Livro do Gênese é o livro da história patriarcal, e se preocupa da pré-história do povo de Deus, que vai do séc. XIX a.c desde Abraão até o limiar da época mosaica; o assunto principal é Abraão chamado pelo Deus único e feito destinatário da promessa da salvação para todos os povos da família humana.
Esses fatos são de uma importância tão grandiosa que a tradição de Israel construiu um pedestal esplêndido para sobre ele colocar esse tesouro que são:
Os onze primeiros capítulos do Gênese, no qual as tradições do povo de Deus tratam das origens do universo e da humanidade e esboçam a largos traços a situação de Abraão no tempo, no espaço e na condição humana em geral.
O nome de Gênese, dado pela tradução grega do séc. III a.ca todo o primeiro livro da lei, sublinha essa importância realmente extraordinária; nessas páginas todo o objeto da teologia, a saber, são: Deus, homem e o universo, são iluminados com uma luz maravilhosa de valor permanente para todos os séculos e milênios da história humana.
O Gênese só abrange uma parte desse “templo” que é todo o povo de Deus do antigo testamento; ele se limita aos patriarcas anteriores a Moisés, e mostra a herança espiritual de Abraão sendo vivida em seus descendentes espirituais da época pré-mosaica: Isaac, Jacó e seus “filhos”.
Daí as três grandes partes do gênese:
Dos primeiros até Abraão (1-12).
Abrão (12-25).
Isaac, Jacó, José (26-50).


            O significado das palavras do texto:

·                    Deliberação: Ação de liberar, tomar decisão ou exame interior, reflexão, meditação, capacidade de resolver.

·                    Epônimo: Aquele que dá ou empresta seu nome a alguma coisa.

·                    Infamante: Difamar.

·                    Infâmia: Má fama, indignidade, perda de boa fama.

·                    Estigma: Sinal, cicatriz, sinal infamante.

·                    Clã: Tribo constituída de pessoas de descendência comum ou aglomeração de família que são ou se presumem descendente de ancestrais comuns.


REFERÊNCIAS:

Bíblia de Jerusalém

Catecismo da Igreja Católica.

Bíblia do Peregrino-Paulus.

Comentário Bíblico. Volume I, II e III: Autores: Dianne Bergant, CSA.
Roberto J. Karris, OFM.
Edição: Loyola – SP / 1999