segunda-feira, 27 de junho de 2011

Na fraqueza do homem, a força de Deus

O Papa Adriano VI (1522-23) dava as seguintes instruções após o cisma de Lutero: "Dirás que reconhecemos livremente que Deus permitiu esta perseguição da Igreja por causa dos pecados dos homens, e, de modo especial, dos sacerdotes e dos prelados...A Escritura Sagrada ensina-nos com ênfase que as faltas do povo têm suas fontes nas faltas do clero...Sabemos que, mesmo na Santa Sé, anos atrás, foram cometidas abominações numerosas,abusos das coisas sagradas, transgressões dos mandamentos, de tal sorte que tudo redundou em escândalo. Quando se concluiu o Concilio de Trento, o Cardeal de Lorena,evocando a reforma protestante, exclamou: "Tendes o direito de nos perguntar qual a causa de tal tempestade acusaremos nós, irmãos Bispos?...Foi por causa de nós que esta tempestade se levantou, meus Padres. O Juízo começa pela casa do senhor (1Pd 4,17). Purifiquem-se aqueles que trazemos vazos do senhor( Is 52,1)." São Vicente de Paulo, santo como era , observava: " Foi mediante os sacerdotes que os hereges prevaleceram, o vício reinou e a ignorância estabeleceu o seu trono em meio ao povo ".
Por que a Igreja Católica, Apostólica e Romana?
A Igreja de Cristo é chamada católica, porque é universal ou destinada a todos os homens (sem distinção de raça ou classes); apostólica, porque foi fundada sobre os apóstolos escolhidos por Cristo(Ap21,14); romana, porque o Apostolo Pedro, chefe visível designado por Cristo, morreu em Roma como bispo desta cidade; em conseqüência, os seus sucessores, bispos de Roma, continuam a desempenhar as funções do primado.O título romano não nacionaliza a Igreja; é apenas o título que designa a sede do Pastor Supremo visível.Este tem que ter um referencial geográfico ou residência, como Jesus, o salvador de todos, que tinha um endereço terrestre, a saber: a cidade de Nazaré; donde o aposto "Jesus Nazareno". "Igreja Romana" e "Jesus Nazareno" são dois títulos paralelos entre si, que não restringem o âmbito do Cristianismo, mas vêm a ser genuínos ecos do mistério da Encarnação, que está no âmago da mensagem cristã.
O Papa João Paulo II tem pedido perdão repetidamente por falhas dos filhos da Igreja. É de notar que ele não menciona "falhas da Igreja", mas "falhas dos filhos da Igreja". Implicitamente retoma a distinção entre pessoa e pessoal da Igreja: pessoa seria a Igreja Corpo de Cristo, que o senhor vivifica e ao qual garante a fidelidade ao envangelho; pessoal seriam os fiéis que nem sempre obedecem às normas da Santa Mãe Igreja. O pecado está na Igreja, mas não é da Igreja; é resquício da velha criatura dentro da novidade da criatura oriunda do batismo e da inserção em Cristo.