quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Criação da Humanidade do livro Gn: 1-11

 
A Criação da Humanidade do livro Gn: 1-11

“O homem e a mulher são criados em idêntica grandes dignidade, a imagem de Deus”; no seu “ser homem” e seu “ser mulher” refletem a sabedoria e a bondade do criador.
Deus não é de modo algum à imagem do homem, nem é da mulher, Deus é puro espírito, não havendo nele lugar para a diferença dos sexos; mas as “perfeições” do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as de esposo (Cf. Os 11 1-4; Jr 3,4-19), Mãe (Cf. Is 49,14-15; 66-13) e de um pai.
No livro do Gn 1,26: Deus disse: “Façamos o homem” a nossa imagem, como a nossa semelhança...
Façamos; este plural pode identificar uma deliberação de Deus com sua corte celestial (os anjos, Gn 3, 5-22); tradução grega seguida do SL 8, 6, retomada em Hb 2,7 assim compreendeu o texto; ou então esse plural exprime a majestade e a riqueza interior de Deus cujo nome comum em hebraico é de forma plural, Elohim. Nesta linha se inclina à interpretação dos padres, que aqui viram insinuadas a trindade.
Gn 3,22 disse Deus: Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre.
Bem e Mal: O Homem pecador se constitui juiz do bem e do mal (Gn 2,17) o que é privilégio de Deus.
Gn 4,1 Caim e Abel; Esta narrativa que supõe uma civilização já evoluída, um culto, outros homens que pudessem matar Caim e todo um clã que o protegerá, pode referir-se primeiramente não aos filhos do primeiro homem, mas ao pai, Epônico dos (1Cor 2,55) quenitas (CAINITAS: Nm 24,21). Reportada pela tradição javista às origens da humanidade, ela recebe uma dimensão geral;
Depois da revolta do homem contra o Deus, vem à luta do homem contra o homem, a que se oporá,  o duplo mandamento que resume a lei, o amor a Deus e ao próximo (Mt 22,40).
Gn 4,1-96; O autor sagrado sabe perfeitamente que Caim não é o primogênito de Eva nem viveu nos primórdios da humanidade, pois esta já era numerosa a ponto de o culto estar organizado as civilizações sedentárias (agricultores), nômades (pastores), estarem constituídas a lei tribal da vingança do sangue vigorando desde os tempos remotos.
Esse Caim sul-palestinense é apenas um longinguo descendente espiritual do “Caim-Mor” que é a humanidade pecadora.
            A primeira mulher que de serva de um marido, torna-se mãe de um homem.
Gn 4,15: “Quem matar Caim será vingado sete vezes”.
E Iahweh colocou um sinal sobre Caim.
Sinal: O “sinal de Caim”, não é um estigma Infamante, mas uma marca que protege, designando-o como membro de um clã, onde se exerce duramente a vingança do sangue.
Descendência; Resquício de uma genealogia javista; os nomes aparecerão com variantes, na genealogia sacerdotal de set, entre Cainá e Lamec (Gn 5,12-28). Esta lista ligada artificialmente a Caim, filho de Adão condenado à vida errante; aqui Caim é o construtor da primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros, das matrizes (v.22), que provém às comodidades e aos prazeres da vida urbana. Esses processos são atribuídos pelo autor javista a linhagem de Caim, o amaldiçoado.
Caim numa língua semita poderia significar o “laminador”; “Pai de todos laminadores” (v.21 e 22), são ligadas á três ancestrais cujo, os nomes fazem assonância, e recordam os ofícios de seus descendentes: Jabel (Sig. Conduzir); Jubal (Tôbel, “trombeta”); Tubal (nome de um povo do norte, Gn 10,2; na região dos metais).
Gn 5,1; Esta passagem fala da genealogia da tradição sacerdotal. Liga-se ao capítulo 2,4; ela quer preencher o intervalo entre a criação e o dilúvio, como a genealogia de Sem (11, 10-32), cobrirá o tempo que vai do dilúvio a Abraão; não se deve procurar aqui uma história ou uma cronologia; os nomes são de uma antiga tradição muitos são reencontrados na lista javista dos descendentes de Caim (4,17s). Os números são bastante diferentes do Pentateuco jamaritano e na versão grega; uma longevidade é atribuída aos primeiros patriarcas, porque se acredita que a duração da vida humana diminuirá seguindo os grandes períodos do mundo; ela não será mais do que de 200 a 600 anos entre Noé e Abraão; e de 100 a 200 anos para os patriarcas hebreus; apontou sua piedade como exemplo (Eclo 44,16; 49,14) e lhe atribui livros apócrifos (Cf. Jd 14,15).
Gn 6,1; Esta leitura mostra quando os homens começaram a ser numeroso sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulheres todas as que lhe agradaram.
O autor sagrado se refere a uma lenda popular sobre os gigantes, que seriam os titãs orientais nascidos da união entre mortais e seres celestiais, sem se pronunciar sobre o valor dessa crença e velando seu aspecto.
           Mitológico ele apenas menciona essa lembrança de uma raça insolente de super-homens como um exemplo da crescente perversidade que motivará o dilúvio.
O judaísmo posterior e quase todos os primeiros escritores eclesiásticos viram nesses “filhos de Deus” anjos culpados; mas a partir do Séc. IV em função de uma nação mais espiritual dos anjos, os padres interpretaram comumente os “filhos de Deus” como a linguagem de set, e as “filhas dos homens” como descendência de Caim.
O dilúvio combina duas narrativas: uma javista cheia de colorido e de vida (6,5-8; 7,1-5.7-10) remanejada (12.16b.17.22.23; 8,2-3 a.6-12.13b.20-22); a outra sacerdotal mais precisa e mais refletida, porém mais seca (6,9-22; 7,6-11.13-16 a 18-21.24; 8,1-2 a. 30-5.13 a. 14-19; 9.1-17). O redator respeitou esses dois testemunhos recebidos da tradição, sem procurar suprimir suas divergências de detalhe. Possuem-se muitas narrativas babilônicas sobre o dilúvio, as quais apresentam notáveis semelhanças com a narrativa bíblica; esta não se depende daquelas, mas haure da mesma herança comum: A lembrança de uma ou várias inundações desastrosas do Vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição aumentou com as dimensões de um cataclismo universal.
Mas visto está o essencial, o autor sagrado dotou essas lembranças de um ensino eterno sobre a justiça e a misericórdia de Deus sobre a malícia do homem e a salvação concedida ao justo (Cf. Hb 11,7); é um julgamento de Deus, que prefigura o dos últimos tempos (Lc17, 26s; Mt24, 37s), como a salvação concedida a Noé, figura da salvação pelas águas do batismo (1 Pd3,20-21).
Este arrependimento de Deus exprime,  a maneira humana a exigência de sua santidade que não pode suportar o pecado; o “arrependimento” de Deus significa o aplaca mento de sua cólera e a retirada de sua ameaça (Jr 26,3).
Gn9, 1-2; Fala da nova ordem do mundo; isto significa que o homem é de novo abençoado e consagrado rei da criação, como nas origens, mas não é mais um reinado pacífico. A nova época conhecerá a luta dos animais com o homem e dos homens entre si; a paz parasíaca só reflorescerá nos últimos tempos (Is 11,6-9).
Gn10; O povoamento da Terra; esta forma de genealogia, neste capítulo fornece um quadro dos povos agrupados, menos segundo suas afinidades étnicas do que segundo seus relacionamentos históricos e geográficos:
Os filhos de Javé povoam a Ásia menor e as ilhas do Mediterrâneo.
Os filhos de Caim, os países do sul, Egito, Etiópia, Arábia e Canaã lhes são ligado em lembrança da dominação egípcia sobre esta região; entre esses dois grupos estão os filhos do Sem: elamitas, assírios, arameus e os ancestrais dos hebreus.
Resumindo os conhecimentos sobre o mundo habitado que se podia ter em Israel, no séc. VIII – VI a.cele afirma a unidade da espécie humana, dividida em grupos a partir de um tronco comum. Essa dispersão aparece (10,32) como realização da benção de (Gn 9,1).
Gn 11; Fala da Torre de Babel; esta narrativa javista dá uma outra explicação para a diversidade dos povos e das línguas: é o castigo de uma falta coletiva que, como a dos primeiros pais (Gn3), é ainda uma falta por excesso (v.4); a união só será restaurada com Cristo salvador; milagres das línguas em pentecostes (At. 2,5-12).
No (v.4) a tradição se interessou pelas ruínas de uma dessas altas torres em andares, que se construía na Mesopotâmia como um símbolo da montanha sagrada e um repositório da divindade.
Os construtores teriam desse modo procurado um meio de encontrar seu Deus; mas o javista vê nisso uma iniciativa de um orgulho insensato, este tema da torre combina com o da cidade: é uma condenação da civilização urbana (Cf.4, 17).
“Babel, é explicado pela raiz “confundir “ .
Babilônia significa na realidade: “Porta do deus”.
O horizonte se restringe aos descendentes diretos de Abraão (v.27): A história da raça eleita vai começar e o quadro genealógico se detalha para apresentar os pais de toda a raça: Abrão e Sarai, cujos nomes serão mudados em Abraão e Sara (17, 5-15 ).
           O Livro do Gênese é o livro da história patriarcal, e se preocupa da pré-história do povo de Deus, que vai do séc. XIX a.c desde Abraão até o limiar da época mosaica; o assunto principal é Abraão chamado pelo Deus único e feito destinatário da promessa da salvação para todos os povos da família humana.
Esses fatos são de uma importância tão grandiosa que a tradição de Israel construiu um pedestal esplêndido para sobre ele colocar esse tesouro que são:
Os onze primeiros capítulos do Gênese, no qual as tradições do povo de Deus tratam das origens do universo e da humanidade e esboçam a largos traços a situação de Abraão no tempo, no espaço e na condição humana em geral.
O nome de Gênese, dado pela tradução grega do séc. III a.ca todo o primeiro livro da lei, sublinha essa importância realmente extraordinária; nessas páginas todo o objeto da teologia, a saber, são: Deus, homem e o universo, são iluminados com uma luz maravilhosa de valor permanente para todos os séculos e milênios da história humana.
O Gênese só abrange uma parte desse “templo” que é todo o povo de Deus do antigo testamento; ele se limita aos patriarcas anteriores a Moisés, e mostra a herança espiritual de Abraão sendo vivida em seus descendentes espirituais da época pré-mosaica: Isaac, Jacó e seus “filhos”.
Daí as três grandes partes do gênese:
Dos primeiros até Abraão (1-12).
Abrão (12-25).
Isaac, Jacó, José (26-50).


            O significado das palavras do texto:

·                    Deliberação: Ação de liberar, tomar decisão ou exame interior, reflexão, meditação, capacidade de resolver.

·                    Epônimo: Aquele que dá ou empresta seu nome a alguma coisa.

·                    Infamante: Difamar.

·                    Infâmia: Má fama, indignidade, perda de boa fama.

·                    Estigma: Sinal, cicatriz, sinal infamante.

·                    Clã: Tribo constituída de pessoas de descendência comum ou aglomeração de família que são ou se presumem descendente de ancestrais comuns.


REFERÊNCIAS:

Bíblia de Jerusalém

Catecismo da Igreja Católica.

Bíblia do Peregrino-Paulus.

Comentário Bíblico. Volume I, II e III: Autores: Dianne Bergant, CSA.
Roberto J. Karris, OFM.
Edição: Loyola – SP / 1999
















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