quarta-feira, 1 de março de 2017

POR QUE NO PERÍODO DA QUARESMA OS SANTOS NAS IGREJAS FICAM COBERTOS POR PANOS ROXOS?

POR QUE NO PERÍODO DA QUARESMA OS SANTOS NAS IGREJAS FICAM COBERTOS POR PANOS ROXOS?


É costume muito antigo na Igreja, a partir do quinto Domingo da Quaresma – também chamado de Primeiro Domingo da Paixão, na forma extraordinária do Rito Romano, (sendo na verdade o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, o Segundo Domingo da Paixão) – cobrir com pano roxo as cruzes, quadros e imagens sacras. As cruzes ficam cobertas até o final da liturgia da Sexta – Feira Santa, os quadros e demais imagens até a celebração da noite de Páscoa. 
O sentido profundo desse ato de cobrir as imagens sacras, fundamenta-se no luto pelo sofrimento de Cristo Nosso Senhor, levando os fiéis a refletir, ao contemplar esses objetos sagrados cobertos do roxo, que simboliza a tristeza, a dor e a penitência. O ápice do despojamento ocorre após a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa, quando retiram-se as toalhas do altar. A cruz coberta lembra-nos a humilhação de N. Senhor Jesus Cristo, que teve de ocultar-se para não ser apedrejado pelos judeus, como nos relata o Evangelho segundo São João: “Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? (...). Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu.” (Jo 10, 31-32.39-40).
A sua segunda dúvida versa sobre o cântico de Verônica durante a procissão do enterro do Senhor. Primeiramente, falemos um pouco sobre Verônica, cujo nome deriva-se de “veros icona” (imagem verdadeira), pelo fato de segundo a Tradição da Igreja, ela ter enxugado o rosto de Cristo a caminho do Calvário, e a imagem do rosto de Cristo ter ficado gravada milagrosamente no véu. Este episódio não consta na Sagrada Escritura, apenas na Tradição da Igreja. O nome de Verônica é mencionado no livro apócrifo “Atos de Pilatos” (século VI), no capítulo VII, fazendo crer que se trata da mesma mulher curada por Jesus da hemorragia (cf. Lucas 8,43-48).   
Pois bem, na procissão Verônica canta a lamentação: “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.” Ressaltando a dor do Cristo que padece pela humanidade. Note-se que é comum cânticos e lamentações em velórios, conforme o testemunho de São Marcos e S. Mateus:“Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações.Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo”. (Mc 5,38-39).“Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes: Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.” (Mt 9,23-24).
Antes da reforma litúrgica do Vaticano II era obrigatório cobrir, com véus roxos, todas as cruzes e imagens expostas ao culto na igreja. No Missal Romano de S. Pio V, terminada a missa do Sábado que precedia o Domingo da Paixão (actual V Domingo da Quaresma), vinha esta rubrica: “Antes das Vésperas, cobrem-se as Cruzes e Imagens que haja na igreja. As Cruzes permanecem cobertas até ao fim da adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, e as Imagens até ao Hino dos Anjos (Glória a Deus nas Alturas) no Sábado Santo”. Vê-se que era um costume ligado às duas últimas semanas da Quaresma, através do qual se desejava centrar a atenção dos fiéis no mistério da Paixão do Senhor. Tudo o que pudesse desviá-la, como eram as imagens dos Santos, cobria-se. Donde vinha este costume? Certamente dos começos do segundo milênio ou dos finais do primeiro.
E o que dizem as normas litúrgicas atuais? Uma rubrica inserida no Missal Romano de Paulo VI, depois da Missa do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma, diz: “O costume de cobrir as cruzes e as imagens das igrejas pode conservar-se, conforme o parecer da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-Feira Santa; as imagens, até ao começo da Vigília Pascal (cf. Missal Romano atual [edição do altar], p. 206.
A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); no segundo deixou de o ser (“pode conservar-se o costume de cobrir...).






Um comentário:

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