segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O CICLO VITAL DA FAMÍLIA
Uma maneira de compreender a família é através do seu ciclo vital: uma visão evolutiva que observa as características funcionais da família em cada etapa de seu desenvolvimento através de gerações.
A utilidade dessa maneira de ver está na possibilidade de aprender a estrutura específica da família em cada fase desse ciclo, com as funções que são esperadas dela para que cumpra sua tarefa básica na sociedade, bem como sua flexibilidade para mudar a cada fase.
Assim, a partir do jovem casal, a primeira grande mudança seria o nascimento do primeiro filho. A passagem de “serem filhos” para “serem pais” implica numa série de transformações, quanto às relações entre si (casal), e com o filho, em termos da necessidade de abrir espaço para a criança. A partir de então, os pais constituem dois subsistemas que devem ser claramente identificados: o de esposos e o de pais, com expectativas e funções que não se fundem.
Está formado o primeiro triângulo na nova família e é preciso cuidado para que não haja um super investimento em qualquer um dos lados, o que não é uma tarefa simples. Surgem os avós e os papéis de pais e de avós têm que ser assumidos, iniciando-se a construção de novas regras de relacionamento entre eles, com seus pais e com seus amigos.
À medida que outros filhos vão nascendo estas regras vão se modificando em função da necessidade de aceitação de novos membros na família. São períodos críticos em que mudanças são necessárias, testando a flexibilidade do sistema, seus valores, seus padrões de interação. À medida que os filhos crescem novas mudanças vão sendo requeridas e ao chegar à adolescência, tais mudanças, em geral, atingem um auge, pelas próprias transformações evolutivas dos filhos, bem como, pelo novo que eles trazem para o seio da família em virtude do contato que tem com outros sistemas: os amigos, o clube, a escola. São hábitos, linguagem, comportamento de sua geração que entram pela família adentra ensejando aos pais uma ocasião de confronto com seus próprios padrões, sua própria adolescência. Nesse momento, muitas vezes, a família sucumbe em termos de regras e limites por medo de ser retrógrada, “quadrada”, deixando os filhos, nesse caso, meio confusos, perdidos. É como se a família, para evitar confrontos que às vezes são penosos, quisesse se “demitir”, o que denota certa dificuldade para permitir ao jovem a possibilidade de entrar e sair do sistema familiar e pouca flexibilidade para mudar as relações com esses filhos.
Apartir desse momento os filhos se engajam cada vez mais a outros sistemas até sua saída definitiva, no início da idade adulta, via de regra em função de estudo ou trabalho e casamento. As relações entre pais e filhos agora serão relações entre adultos, com outras regras de comunicação e interação.
O ninho vai se esvaziando e as mudanças, então, vão ter que privilegiar as novas relações do casal, a inclusão na família de genros, noras e netos, o papel de sogros, de avós. É grande nessa fase a possibilidade de se ter que lidar com doenças e até perda dos próprios pais tornando-se a geração mais velha naquela família.
Muitas famílias lidam com esses pontos críticos dos períodos de mudança de forma bastante adequada, sobretudo, se não há acúmulo de stress por sobreposição de fatores externos como: morte de uma criança, desemprego ou instabilidade profissional muito grande, acidentes graves ou catástrofes como enchentes, incêndio e outros. A própria concomitância de ocorrência como: o nascimento de um bebê e a morte de um membro significativo na família como a mãe, por exemplo, pode perfeitamente ser motivo de stress que dificulta a mobilização das possibilidades de mudanças para lidar com a situação.
Essa maneira dinâmica de olhar a família justifica a sua definição como sistema aberto em constante transformação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário