ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta
na adolescência ou início da idade adulta. Sua freqüência na população em geral
é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para
cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão
de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela
primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral
inicia-se mais cedo no homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher,
por volta dos 25-30 anos.
Quais os sintomas?
A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando
diversas áreas do funcionamento psíquico. Os principais sintomas são:
1. delírios: são idéias falsas, das quais o paciente tem
convicção absoluta. Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por
câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua
querem lhe fazer mal.
2. alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos
sentidos. As alucinações mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em
forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele, ou que acompanham
suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como
agir em determinada circunstancia. Outras formas de alucinação, como visuais,
táteis ou olfativas podem ocorrer também na esquizofrenia.
3. alterações do pensamento: as idéias podem se tornar
confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil
de compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus pensamentos
podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados de sua
mente ou inseridos nela.
4. alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda
da capacidade de reagir emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e
sem expressão afetiva. Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que
são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto em que se encontra.
Torna-se pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que
o cerca.
5. diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica
desanimado e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a
dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações
da motricidade, desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na
esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas se agrupam, é possível
caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia evolui geralmente
em episódios agudos onde aparecem os vários sintomas acima descritos,
principalmente delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão,
com poucos sintomas manifestos.
Qual é a causa da esquizofrenia?
Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A
hereditariedade tem uma importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro
grau de um esquizofrênico tem chance maior de desenvolver a doença do que as
pessoas em geral. Por outro lado, não se sabe o modo de transmissão genética da
esquizofrenia. Fatores ambientais (p. ex., complicações da gravidez e do parto,
infecções, entre outros) que possam alterar o desenvolvimento do sistema
nervoso no período de gestação parecem ter importância na doença. Estudos
feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia computadorizada e
ressonância magnética mostram que alguns pacientes tem pequenas alterações
cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro.
Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da
dopamina, parecem estar implicados na doença.
Como se diagnostica a esquizofrenia?
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a
partir das manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório
(exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita
confirmar o diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas
estes servem apenas para excluir outras doenças que podem apresentar
manifestações semelhantes à esquizofrenia.
Como se trata a esquizofrenia?
O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e
a reintegração do paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas
abordagens: medicamentosa e psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito
com remédios chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na
fase aguda da doença para aliviar os sintomas psicóticos, e também nos períodos
entre as crises, para prevenir novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa
utilizar a medicação ininterruptamente para não ter novas crises. Assim o
paciente deve submeter-se a avaliações médicas periódicas; o médico procura
manter a medicação na menor dose possível para evitar recaídas e evitar
eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são necessárias para
promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. Devido ao fato de
que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, isolamento social e
outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um planejamento
individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em geral
de psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo
a lidar com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia.
Como os familiares podem colaborar com o paciente?
Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na
reintegração do paciente. é importante que estejam orientados quanto à doença
esquizofrenia para que possam compreender os sintomas e as atitudes do
paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos
familiares podem muitas vezes colaborar para a piora clínica do mesmo. O
impacto inicial da noticia de que alguém da família tem esquizofrenia é
bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco conhecida e sujeita
a muita desinformação as pessoas se sentem perplexas e confusas.
Freqüentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares
reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um circulo vicioso difícil
de ser rompido. Atitudes hostis, criticas e superproteção prejudicam o
paciente, apoio e compreensão são necessários para que ele possa ter uma vida
independente e conviva satisfatoriamente com a doença.