quarta-feira, 8 de junho de 2016

A Encarnação do verbo eterno de Deus ( Continuação)

No Novo Testamento
Os escritores do Novo Testamento, em particular João, Paulo e o autor de Hebreus, não falam em parte alguma ou tratam das questões metafísicas do modo da encarnação ou de questões psicológicas do estado de encarnado, isto só veio surgir de forma proeminente no século IV nas discussões cristológicas, em especial no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. Eles estavam preocupados em demonstrar a pessoa de Jesus, exibição de sua obra e principalmente na vindicação da posição central no propósito redentor de Deus.
O único sentido que os escritores tentam explicar a encarnação é mostrando como isso que aplica no plano que Deus traçou para redimir a humanidade.
(Romanos 8,3; João 1,18; Hebreus 1,1-3; Hebreus 7,15-17) Interessante observar que os escritores do Novo Testamento não discutem a respeito do nascimento virginal de Jesus como testemunho da conjunção entre a deidade e a humanidade da sua pessoa.
Essa linha tem sido explorada somente na teologia recente. Entretanto, os escritores não ignoram esse fato, mas eles focam no propósito da salvação proposta por Deus. Os dois escritores que narram o nascimento virginal (Mateus e Lucas) colocam ênfase não no mistério do nascimento, mas sim que Deus começou a cumprir a sua intenção de que visitaria e redimiria o seu povo. O ponto de vista é apenas soteriológico (.O tema da soteriologia  trata da doutrina da salvação humana).
Os escritores percebem que tanto a deidade como a humanidade de Jesus são elementos fundamentais em sua obra salvadora. Da mesma forma que a divina filiação de Jesus garante a interminável duração, a perfeição impecável e a eficácia sem limites de sua obra sumo-sacerdotal (Hebreus 7,3, assim também a sua deidade foi capaz de derrotar o diabo "valente" que mantinha os pecadores num estado de impotente cativeiro. (Hebreus 2,14-ss; Apocalipse 20,1-ss)
Semelhantemente os escritores percebem que era necessário que o Filho de Deus fosse feito carne, pois somente assim poderia tomar o lugar como segundo homem , através de quem Deus trata a raça humana. (I Coríntios 15,21) Somente dessa maneira poderia ser o mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2,5), e somente assim poderia morrer em favor dos pecadores, pois somente tendo carne é que poderia morrer. O pensamento da encarnação no Novo Testamento está de tal modo ligado que não se aplica esse termo à humanidade de Jesus em seu estado glorificado e incorruptível. Os "dias da suas carne" Hebreus 5,7significam o tempo que ele passou no mundo até o dia da cruz.
João se preocupa em deixar clara a questão de Jesus verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, combatendo, então o posicionamento contrário como sendo um espírito do anticristo, uma linha cristológicas do cética de Cerinto, que negava a realidade da carne e, portanto, negava a encarnação e conseqüentemente a morte física, portanto negando o Pai assim como o Filho. Essa ênfase de João além de ser observada nas suas duas primeiras epístolas é notada no evangelho, quando mostra a realidade da experiência da fraqueza humana de Jesus: cansaço (João 4,6); sede (João 4,7, João 19,28); lágrimas (João 11,33) tinham a clara intenção de combater o ensino docético(Docetismo , "para parecer") é o nome dado a uma doutrina cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva).
A Irmandade polonesa do século 17 interpretou a encarnação da palavra como a encarnação do plano de Deus em um descendente de Abraão, e não como a encarnação literal de uma pessoa que já existia antes de seu nascimento no céu.
Obs: O Concílio de Calcedónia : Este concílio foi convocado pelo imperador bizantino Marciano e contou com a participação de 350 bispos (algumas fontes fazem referência a 520 bispos), e tornou-se a assembleia mais importante ocorrida até então na história doCristianismo.
Ele fora convocado para discutir sobre as duas naturezas de Jesus Cristo e para corrigir os erros e abusos do Concílio de Éfeso (449).
Tudo havia começado com o Patriarca de Constantinopla Nestório (428-431), que, influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia, havia proposto a separação ou existência de duas naturezas em Cristo, uma natureza humana e a outra divina. Esta doutrina, fortemente refutada por Cirilo de Alexandria, que insistia com Nestório sobre a unidade da pessoa de Cristo. Para dirimir a questão, suscitada por Nestório, foi instaurado em junho de 431, o Primeiro Concílio de Éfeso, convocado por Teodósio II e conhecido como Terceiro Concílio Ecumênico.
O concílio não levou a um entendimento único sobre a questão, entre os bispos alexandrinos e os bispos antioquenos, entretanto Nestório foi deposto, a doutrina pregada por ele refutada e Eutiques, condenado.
Em 433, aconteceu um encontro entre as duas partes, chamado a fórmula da unidade onde os antioquenos aceitaram a doutrina de Maria como mãe de Deus (Theotokos) e os alexandrinos aceitaram as duas naturezas em Cristo.



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