No Novo Testamento
Os escritores do Novo Testamento, em particular João, Paulo e o autor de Hebreus,
não falam em parte alguma ou tratam das questões metafísicas do modo da
encarnação ou de questões psicológicas do estado de encarnado, isto só veio
surgir de forma proeminente no século IV nas discussões cristológicas, em
especial no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. Eles estavam preocupados em
demonstrar a pessoa de Jesus, exibição de sua obra e principalmente na
vindicação da posição central no propósito redentor de Deus.
O único sentido que os escritores tentam explicar a
encarnação é mostrando como isso que aplica no plano que Deus traçou para
redimir a humanidade.
(Romanos 8,3; João 1,18; Hebreus 1,1-3; Hebreus 7,15-17) Interessante
observar que os escritores do Novo Testamento não discutem a respeito do nascimento virginal de
Jesus como testemunho da conjunção entre a deidade e a humanidade da sua pessoa.
Essa linha tem sido explorada somente na teologia
recente. Entretanto, os escritores não ignoram esse fato, mas eles focam no
propósito da salvação proposta por Deus. Os dois escritores que narram o
nascimento virginal (Mateus e Lucas) colocam ênfase não no mistério do
nascimento, mas sim que Deus começou a cumprir a sua intenção de que visitaria
e redimiria o seu povo. O ponto de vista é apenas soteriológico (.O tema da soteriologia trata da doutrina da salvação humana).
Os escritores percebem que tanto a deidade como a
humanidade de Jesus são elementos fundamentais em sua obra salvadora. Da mesma
forma que a divina filiação de Jesus garante a interminável duração, a perfeição
impecável e a eficácia sem limites de sua obra sumo-sacerdotal (Hebreus 7,3,
assim também a sua deidade foi capaz de derrotar o diabo "valente"
que mantinha os pecadores num estado de impotente cativeiro. (Hebreus 2,14-ss; Apocalipse 20,1-ss)
Semelhantemente os escritores percebem que era
necessário que o Filho de Deus fosse feito carne, pois somente assim poderia tomar
o lugar como segundo homem , através de quem Deus trata a raça humana. (I Coríntios 15,21)
Somente dessa maneira poderia ser o mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2,5), e
somente assim poderia morrer em favor dos pecadores, pois somente tendo carne é
que poderia morrer. O pensamento da encarnação no Novo Testamento está de tal
modo ligado que não se aplica esse termo à humanidade de Jesus em seu estado
glorificado e incorruptível. Os "dias da suas carne" Hebreus 5,7significam
o tempo que ele passou no mundo até o dia da cruz.
João se preocupa em deixar clara a questão de Jesus
verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, combatendo, então o
posicionamento contrário como sendo um espírito do anticristo, uma linha cristológicas do cética de Cerinto, que negava a realidade da carne e,
portanto, negava a encarnação e conseqüentemente a morte física, portanto
negando o Pai assim como o Filho. Essa ênfase de João além de ser observada nas
suas duas primeiras epístolas é notada no evangelho, quando mostra a realidade
da experiência da fraqueza humana de Jesus: cansaço (João 4,6);
sede (João 4,7, João 19,28);
lágrimas (João 11,33)
tinham a clara intenção de combater o ensino docético(Docetismo ,
"para parecer") é o nome dado a uma doutrina cristã do século II,
considerada herética pela Igreja
primitiva).
A Irmandade polonesa do século 17 interpretou a encarnação da palavra
como a encarnação do plano de Deus em um descendente de Abraão, e
não como a encarnação literal de uma pessoa que já existia antes de seu
nascimento no céu.
Obs: O Concílio de Calcedónia : Este
concílio foi convocado pelo imperador bizantino Marciano e contou com a participação
de 350 bispos (algumas fontes fazem referência a 520
bispos), e tornou-se a assembleia mais importante ocorrida até então na
história doCristianismo.
Ele fora convocado para discutir sobre as duas
naturezas de Jesus Cristo e para corrigir os erros e
abusos do Concílio de Éfeso (449).
Tudo havia começado com o Patriarca de Constantinopla Nestório (428-431), que, influenciado pelo seu
mestre, Teodoro de Mopsuéstia,
havia proposto a separação ou existência de duas naturezas em Cristo, uma
natureza humana e a outra divina. Esta doutrina, fortemente refutada por Cirilo de Alexandria, que insistia com Nestório
sobre a unidade da pessoa de Cristo. Para dirimir a questão, suscitada por
Nestório, foi instaurado em junho de 431, o Primeiro Concílio de Éfeso,
convocado por Teodósio II e conhecido como Terceiro Concílio Ecumênico.
O concílio não levou a um entendimento único sobre
a questão, entre os bispos alexandrinos e os bispos antioquenos,
entretanto Nestório foi deposto, a doutrina pregada por ele refutada e
Eutiques, condenado.
Em 433, aconteceu um encontro entre as
duas partes, chamado a fórmula da unidade onde os antioquenos aceitaram a
doutrina de Maria como mãe de Deus (Theotokos)
e os alexandrinos aceitaram as duas naturezas em Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário