A palavra Pecado é um termo comumente utilizado em
contexto religioso, descrevendo qualquer desobediência à vontade de Deus; em especial, qualquer
desconsideração deliberada das Leis Divinas. No hebraico e no grego comum, as
formas verbais (em hebr. hhatá; em gr. hamartáno)
significam "errar", no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal
ou padrão. Em latim, o termo é vertido por peccátu. Na própria Bíblia é dada a expecificação de
pecado:
Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei. (1 João 3:4, Almeida Revista e Atualizada)
Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei. (1 João 3:4, Almeida Revista e Atualizada)
O Judaísmo considera a violação de um
mandamento divino como um pecado. O judaísmo ensina que o pecado é um ato e não
um estado do ser.A Humanidade encontra-se num estado de inclinação para fazer o
mal (Gen 8:21) e de incapacidade para escolher o Bem em vez do Mal (Salmo
37:27). O Judaísmo usa o termo "pecado" para incluir violações da Lei
Judaica que não são necessariamente uma falta moral. De acordo com a Enciclopédia Judaica,
"O Homem é responsável pelo pecado porque é dotado de uma vontade livre
("behirah"); contudo, Ele tem uma natureza fraca e uma tendência para
o Mal: "Pois o coração do Homem é mau desde a sua juventude"
(Gen,8,21; Yoma,20a; Sanh105a). Por isso, Deus na sua misericórdia permitiu ao
Homem arrepender-se e ser perdoado. O Judaismo defende que todo o Homem nasce
sem pecado,
pois a culpa de Adão não recai sobre os outros homens.
Perspectiva
Católica
Segundo Santo Agostinho, o pecado é "«uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna»",
causando por isso ofensa a Deus e ao seu amor.1 Esta Lei eterna, ou Lei de Deus, é expressa
na lei natural, nos Dez Mandamentos, nos mandamentos de amor, entre outros. Logo, o pecado é um acto mal
e "abuso da liberdade", ferindo assim a natureza humana.
"Cristo, na sua morte na
cruz, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia".1 Há uma grande variedade de pecados,
distinguindo-lhes "segundo o seu
objecto, ou segundo as virtudes ou os mandamentos
a que se opõem. Podem ser directamente contra Deus, contra o próximo e contra
nós mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por pensamentos, por
palavras, por acções e por omissões".2
A repetição de pecados gera vícios, que
"são hábitos perversos que
obscurecem a consciência e inclinam ao mal. Os vícios podem
estar ligados aos chamados sete
pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça".3 A Igreja ensina também que temos
responsabilidade "nos pecados
cometidos por outros, quando culpavelmente neles cooperamos".4 A doutrina católicadistingue o pecado em 3 categorias:
·
o pecado original, que é transmitido a todos os homens, sem
culpa própria, devido à sua unidade de origem, que é Adão e Eva. Eles
desobedeceram à Palavra de Deus no início do mundo, originando este pecado,
que, felizmente, pode ser actualmente perdoado pelo sacramento do Baptismo.
Este pecado faz com que "a
natureza humana [...] fica [...] submetida à ignorância, aosofrimento, ao poder da morte, e inclinada ao
pecado" 5 .
·
o pecado mortal, que é cometido "quando, ao mesmo tempo, há matéria grave,
plena consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e
conduz-nos à morte eterna do Inferno, se dele não nos
arrependermos"
sinceramente 6 .
·
o pecado venial, "que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata
de matéria leve, ou mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total
consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta um
afecto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na prática dobem moral; merece penas
purificatórias temporais",
nomeadamente no Purgatório 7 .
Perspectiva
Protestante
O segmento protestante, ou evangélico, não crê em
purgatório, nem classifica os pecados como venial, mortal ou capital. Seguindo
os preceitos bíblicos, o pecado está em todos os homens, pois "todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus"(Romanos 3.23). A
separação está entre o pecado cometido contra a carne (pode ser perdoado) e
contra o Espírito Santo de Deus (o qual não pode ser perdoado - Lc 12:10). O
pecado nada mais é do que a transgressão aos mandamentos de Deus, segundo I
João 3:4 "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque
o pecado é a transgressão da lei". Pecado é um ato, pois "cada
um é tentado, quando atraído e engodado pelo seu próprio desejo. Depois,
havendo concebido o desejo, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo
consumado, gera a morte." (Tiago
1:14 e 15). Para que tenhamos salvação e desfrutemos da vida eterna, devemos
tão somente crer ("Pela graça
sois salvos, por meio da fé..." Efésios
2.8) que Jesus é nosso único e suficiente salvador, confessar nossos pecados
para sermos perdoados ("Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados,
e nos purificar de toda a injustiça" I João 1.9), também confessar a Jesus
Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor (Mt 10:32-33; Rm 10:9-10).
Lembre-se também, que é necessário arrependimento, e não remorso (que nos leva
a cometer novamente os mesmos erros).
Tipos de Pecado
e Gravidade
Pecado designa todas as transgressões de uma Lei ou
de princípios religiosos, éticos ou normas morais. Podem ser em palavras, ações
(por dolo) ou por deixar de fazer o que é certo (por negligência ou omissão).
Ou seja, onde há Lei, se manifesta o Pecado. Pode ser tão somente uma motivação
ou atitude errada de uma pessoa, e isso, é chamado de pecado "no
coração". No intímo dos humanos e independente da Cultura a que pertença, existe necessidade de
estabelecer princípios de ética e normas de moral. Quando se viola a consciência moral pessoal, surge o sentimento de culpa.
Chama-se pecado mortal o pecado que faz perder a
graça Divina e que leva à condenação do crente; se não for objecto de confissão
(admissão da culpa), genuíno arrependimento e penitência (retratação perante Deus). Chama-se pecado
venial aos pecados que são menos graves e que não fazem perder a graça Divina. Para
os Cristãos Católicos, a tríade que define o pecado mortal é:
·
Matéria
grave - precisada pelos dez mandamentos.
·
Pleno
conhecimento de estar cometendo pecado
·
Plena
e deliberada adesão da vontade.
Comete-se um pecado venial quando não se observa,
em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se
desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem
pleno consentimento.
O pecado contra o Espírito Santo é o chamado pecado imperdoável. Subentende uma renegação contínua e deliberada do perdão Divino, bem como uma violação contínua da Lei Divina por parte do pecador.
A expressão pecado original ou pecado adâmico se
refere ao pecado que foi cometido no paraíso Éden pelos primeiros humanos,Adão e Eva. A mulher teria sido o primeiro ser humano a
pecar, e teria induzido Adão a pecar. O pecado original consistiu numa rebelião
contra a Autoridade Divina. Em consequência directa do pecado de Adão, toda a
humanidade ficou privada da perfeição e da perspectiva de vida infindável. A
existência do "pecado original" não justifica a prática deliberada do
pecado.
No Antigo Testamento, a doutrina da expiação é um
conceito de justiça e misericórdia baseado no arranjo figurativo do sacríficio
de animais. O sangue de um animal era derramado no altar como
"resgate" dos pecados cometidos de natureza menor da Lei de Deus.
No Novo Testamento, a doutrina da expiação é a
mesma do Antigo, mas figurando em Cristo "o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo" (João 1:29). Segundo a doutrina cristã, a morte
sacrificial do Messias permitirá o resgate perfeito da humanidade
obediente à Lei de Deus - eliminar o pecado adâmico e anular a sentença de
morte. Obedece ao princípio bíblico "uma vida humana [perfeita] por uma
vida humana [perfeita]". O papel de Cristo após a ressurreição é a de um
advogado ("MEUS filhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e,
se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo."
I João 2:1).
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