Oração ou Rezar
Quantas
vezes você já não ouviu esse paralelo ignorante que alguns protestantes fazem
em relação a essas palavras? Quantas vezes você já não foi questionado a
respeito de seu uso e desuso e, por fim, quantos de nós católicos também caem nessa
falácia de que uma difere e profana a outra. ESTUPIDEZ e IGNORÂNCIA. Veremos
que isso nada tem haver com que uma grande parte da população atual menciona
como certo e errado.
Vermelho ou
encarnado? Um termo vale o outro, com a diferença de que “vermelho” é da língua
literária, “encarnado” da língua popular. Igualmente, “oração” é palavra
clássica, ao passo que “reza” é da língua caseira. Mas o mesmíssimo
significado: A elevação da mente e do coração a Deus, para o adorar, agradecer
e pedir-lhe as graças de que necessitamos. É somente isto a vontade de Deus,
não lhe interessa o som das palavras, diferentes nas várias línguas.
Isso vale
aqueles que, destituídos de um mínimo de cultura ou honestidade intelectual,
fazem das duas palavras, “oração” e “reza”, um cavalo de batalha. “Nós oramos
os católicos rezam: logo, os católicos estão errados”. Os desinformados e/ou
desonestos precisam saber que “oração” “orar” (sem necessidade de remontar ao
hebraico “Or” (Luz)), são palavras originadas do latim, língua de Roma e,
portanto, língua legítima da Igreja Católica: (Oratio , orare). Até a aparição
dos primeiros protestantes (1520), foram de exclusividade nossa, na liturgia da
Igreja Ocidental. Querer vender-nos o que é nosso é crime de estelionato!
Sendo um
pouco mais específico Orar vem do latim orare; e rezar, do latim recitare, que
também deu em português recitar. Já em latim, os verbos orare e recitare têm
sentidos muito próximos: o primeiro significa “pronunciar uma fórmula ritual,
uma oração, uma defesa em juízo”; o segundo, “ler em voz alta e clara”
(portanto, o mesmo que em português recitar). Entretanto, para orare prevaleceu
na latinidade e nas línguas românicas o sentido de rezar, isto é, dizer ou
fazer uma oração ou súplica religiosa (cfr. A. Ernout–A. Meillet,Dictionnaire
étymologique de la langue latine — Histoire des mots, Klincksieck, Paris, 4ª
ed., 1979, p. 469). Nós, católicos, damos ao verbo rezar um sentido bastante
amplo e genérico, e reservamos a palavra oração mais especialmente — mas não exclusivamente
— para os diversos gêneros de oração mental, como a meditação, a contemplação
etc. Não há razão, portanto, para fazer dessa ligeira diferença, comum nos
sinônimos, um tema de disputas.
Os
protestantes, entretanto, salientam a diferença por dois motivos. Primeiro,
porque para eles serve de senha. Com efeito, acentuando arbitrariamente essa
pequena diferença de matiz entre as palavras, eles utilizam orar em vez de
rezar, e assim imediatamente se identificam comocrentes (como diziam até há
pouco) ou evangélicos (como preferem dizer agora). Isso tem a vantagem, para
eles, de detectar entre os circunstantes os outros protestantes que ali
estejam. É um expediente ao qual recorrem todas as seitas dotadas de um forte
desejo de expansão, como é o caso dos protestantes no Brasil.
Por outro
lado, a oração, para os protestantes, não tem o mesmo alcance que para nós,
católicos. Enquanto para nós o termo oração engloba todos os gêneros de oração
— desde a oração de petição até as orações de louvor e glorificação de Deus —
os protestantes esvaziam a necessidade da oração de petição, que para eles tem
pouco ou nenhum sentido. Com efeito, como nós, católicos, sabemos, a vida nesta
Terra é uma luta árdua, em que devemos pedir a Deus em primeiro lugar os bens
eternos, e depois os bens terrenos de que temos necessidade. É o que ensinou
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Até ontem,
quando a Missa era em latim, assim como ainda hoje em boa língua portuguesa, o
termo clássico era de uso comum, esses ignorantes deveriam verificar entre
qualquer Igreja Católica, durante a Missa e ouvirão, mais de uma vez, o convite
do celebrante: “Oremos!” E, uma vez o solene: “Orai irmãos para que nosso
sacrifício seja aceito por Deus Pai, Todo Poderoso”. Dizer que a Igreja não ora
é no mínimo preguiça de pesquisar a verdade, a Igreja nunca fez distinção entre
uma coisa e outra, pois via e continua a ver o mesmo significado em ambas as
palavras, o que sempre foi real, os santos e santas que nos antecederam assim
já nos demonstravam:
“Depois que
ficava em oração, via que saia dela muito melhorada e mais forte.” Santa Teresa
d’Ávila
“Assim como
necessitamos continuamente da respiração, assim também temos necessidade do
auxílio de Deus; porém se queremos, facilmente podemos atraí-lo pela oração.”
São João Crisóstomo
“Ora et
Labora!”Reza e trabalha! São Bento
“Sabe viver
bem quem sabe rezar bem.” Santo Afonso Maria de Ligório
“A oração
consiste em tratar a Deus como um pai, um irmão, um Senhor e um Esposo.” Santa
Teresinha
“Quem
começou a rezar não deve interromper a oração, em que pesem os pecados
cometidos.”
“Com a
oração poderá logo soerguer-se, ao passo que sem ela ser-lhe-á muito difícil.
Não deixe que o demônio o tente a abandonar a oração por humildade” Santa
Teresinha
Podemos
perceber então que tal distinção não fazia e nunca fez parte da vida religiosa
dos santos e santas da Igreja, como então continuarmos com esse paralelismo
que, até entre os católicos hoje existe? Basta parar de acreditar na primeira
besteira que se ouve e buscar a Sabedoria da Igreja de dois mil anos, que tem
todas as respostas necessárias.
Ainda neste
contexto perceberemos que nem mesmo o Catecismo da Igreja Católica difere uma
coisa da outra, pois ao utilizar ambas demonstra que não existe e nunca existiu
diferentes significados, podendo assim serem usadas sem problema algum de
cometer um dito “erro”, vejamos:
“A Oração é
a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus nos bens convenientes. De onde
falamos nós, ao rezar?…” CIC 2559
“[...] Os
Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como assembléia, por
ocasião das grandes festas em Jerusalém e cada sábado nas sinagogas. [...]
Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são sempre essenciais à oração de Sua
Igreja.” CIC 2586
“A oração
não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso
querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é
indispensável aprender a rezar, E é por uma transmissão viva (a Sagrada
Tradição) que o Espírito Santo, na ‘Igreja crente e orante’, ensina os filhos
de Deus a rezar.” CIC 2650
Fica
evidente então a Sabedoria da Igreja e a Verdade que nela, através de Nosso
Senhor, se expressa. Em outra Crítica protestante acerca da prática de tais
palavras veremos, a seguir, o cuidado que devemos ter.
A CRÍTICA
PROTESTANTE A RESPEITO DAS PALAVRAS REPETIDAS
Para
sustentar que “não devemos
orar repetidas vezes”, os protestantes, como diz a missivista, apelam para a Bíblia.
Provavelmente se referem ao Evangelho de São Mateus (6,7): “Nas vossas orações, não queirais
usar muitas palavras, como os pagãos, pois julgam que, pelo seu muito falar,
serão ouvidos”.
A
interpretação deste texto de São Mateus não é entretanto a que os protestantes
lhe dão. Ele significa simplesmente que a eficácia da oração não decorre da
loquacidade, mas sobretudo das boas disposições do coração. As disposições
sendo boas, em princípio, quanto mais se reza, melhor! E o próprio Jesus Cristo
Nosso Senhor deu o exemplo de uma oração longa e repetitiva no Horto das
Oliveiras, quando, prostrado com o rosto em terra, rezou por mais de uma hora,
dizendo: Pai, se é
possível, afaste-se de mim este cálice; mas não se faça a minha vontade, e sim
a vossa (cfr. Mt
26, 39-44; Lc 22, 41-45).
Quanto à
necessidade da insistência na oração, no Evangelho de São Lucas (11, 5-8) se lê
a impressionante lição do Divino Mestre: “Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com
ele à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um meu
amigo acaba de chegar a minha casa de viagem, e não tenho nada que lhe dar; e
ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me sejas importuno, a porta já está
fechada, e os meus filhos estão deitados comigo; não me posso levantar para te
dar coisa alguma. E, se o outro perseverar em bater, digo-vos que, ainda que
ele se não levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua
importunação se levantará, e lhe dará quantos pães precisar”.
A reiteração
de nossos pedidos a Deus deve pois chegar a esse ponto da importunação, segundo
o conselho do mesmo Nosso Senhor. E por aí se vê como os protestantes,
abandonando a sabedoria da Igreja e arrogando-se o direito ao livre exame, se
afastam da reta interpretação das Sagradas Escrituras, fazendo ilações
lineares, sem levar em conta outras passagens sobre o mesmo tema, o que é indispensável
para chegar ao verdadeiro sentido de todas elas.
Que possamos
com esta elucidação parar de fazer esse paralelismo errôneo e protestante e de
uma vez por todas também aprender a nos defender nesta questão de fé, sempre
com a caridade e piedade cristã que nos é lícita mas sem nunca deixarmos de
anunciar a Verdade a nós revelada.
Que Nosso
Senhor sempre vos Ilumine e que vosso coração sempre tenha espaço para a
Santíssima Virgem Maria!
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