segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA.

A DIFICULDADE  DE APRENDIZAGEM E A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA.
A família e a escola têm função em comum: mediar a criança para desenvolver-se nos aspectos social, intelectual, moral, físico e religioso. A criança vai adquirir e alimentar a sua auto-estima positiva, no decorrer do seu crescimento. A criança se sentindo segura perceberá que é capaz de aprender, passará a ter confiança em si mesma e carregará sentimento no decorrer de toda a sua vida, sempre acreditando que é possível vencer os obstáculos encontrados.
Quando as aprendizagens familiares são eficazes e prazerosas, a criança transfere o prazer de aprender também para as aprendizagens escolares. A participação da família no processo de aprendizagem é fundamental para a convivência com os seus semelhantes. Família e escola têm função em comum: auxiliar a criança  no desenvolvimento de todos os aspectos essenciais para o sucesso na aprendizagem, futuros cidadãos.
“O sucesso da criança ao enfrentar as difíceis tarefas subjetivas ao longo do seu desenvolvimento depende, em grande parte, das condições psicológicas que os pais lhe oferecem, sem esquecer as próprias experiências infantis  dos  pais, assim  como  a   sua   relação conjugal,  são  fatores importantes no seu processo de interação com a criança. Vemos deste modo como os laços familiares são essenciais para a estruturação psíquica desde os primeiros anos de vida.”
É através da família que a criança relaciona-se com o mundo adulto e é no meio em que vive que ela aprende a conduzir seus afetos, avaliar as relações, receber orientações e estímulos para ocupar o seu espaço na sociedade.
Verificamos que a família é o alicerce de sustentação da criança, é através da família que a criança desenvolverá sua auto-estima, segurança, domínio próprio, confiança contribuindo para o desempenho de toda sua vida nos vários aspectos sociais e emocionais..
As famílias não mantinham suas crianças em casa, pois deveriam aprender o ofício das pessoas de outras casas. A criança para as quais eram enviadas por muitos anos, não convivia com os pais e a relação sentimental entre pais e filhos era praticamente nula. A família estava muito preocupada com o desenvolvimento social - como eram vistos pela sociedade, e por esse motivo os filhos tinham que conviver com outras famílias para serem educadas e ensinadas.
A partir do século XV a educação começou a ser oferecida pela escola, o que possibilitou uma maior aproximação entre pais e filhos, quando o papel de levar para a escola passou a ser dos pais e não mais das outras famílias. A afetividade passou a ser presente no contexto familiar.
A família exerce um papel de grande importância na vida dos filhos; quando há aproximação sentem-se seguros e confiantes para conversarem. Constatamos que a família está  passando por  profundas  transformações,  preocupando-se mais com o bem
estar dos filhos – no que se refere à educação e saúde. O que antes não era prioridade, agora é. Os filhos estão sendo valorizados e reconhecidos pelos pais. A família está conquistando mais espaço.
É importante ressaltar que apesar das transformações que estão ocorrendo,na era pós-moderna a família ou os pais ainda exercem influência primordial na criação e formação da criança desde o seu nascimento até a vida adulta. A família é responsável pelo desenvolvimento saudável e construtivo dos filhos.A mãe lembra-se dos fatos ocorridos em sua infância, lembra-se de alguém que cuidou dela, e de acontecimentos que marcaram sua vida de forma positiva e negativa.
Os fatos vivenciados pela mãe em sua infância podem ajudá-la ou não em sua experiência materna.Quando criança, os pais eram aprendentes e agora são ensinantes de seu(s) filho(s). Eles carregam uma grande bagagem de experiências, conquistas e todos esses conhecimentos serão transmitidos aos filhos através de seus gestos, palavras, exemplos e atitudes. Esta transmissão de valores deverá proporcionar um relacionamento melhor entre pais e filhos.
A união entre pai, mãe e filho(s) assegura o pleno desenvolvimento físico e emocional, essencial ao ser humano. A família é extremamente importante para o crescimento e desenvolvimento da personalidade do ser humano. O elo entre mãe e filho é muito forte, o que promove cada vez mais o vínculo entre ambos. A mãe tem a função de ensinar o seu filho e de promover a adaptação do mesmo no mundo. Na prestação de cuidados ao bebê, por meio de toques, da voz, e outros canais de expressão e percepção, mãe e bebê trocam amor e desejo um pelo outro. Tudo que ocorre a partir desta relação de um indivíduo pode contribuir para a formação de um indivíduo com caráter e personalidade marcantes.
A socialização da criança também dependerá do estabelecimento de limites - pois não ceder a todos os desejos dos filhos; também pode ser considerado fator. A
criança que experimenta a convivência com regras estará sendo educada para a vida em sociedade. Nem sempre a criança terá tudo à sua disposição, mas deverá lutar pela realização dos seus objetivos, respeitando os limites e regras sociais.
A imposição de limites aos filhos é uma questão muito importante, que deve ser desde pequenos praticada, pois exercerá influência no processo do desenvolvimento da sua socialização. Algumas crianças às vezes “abusam” do amor dos pais e procuram fazer artimanhas para conseguirem o que querem e quando os pais cedem à primeira vez, fica mais difícil evitar a próxima vez. No entanto quando os pais  habitualmente impõem limites, a criança passará a agir com cautela e o comportamento indesejado tende a cessar.
Os pais são os espelhos da casa. E os filhos refletem tudo o que se passa no lar.
Isto pode trazer progressos ou não para o relacionamento social dos filhos. É preciso que haja um equilíbrio no lar para que os filhos mantenham um bom relacionamento afetivo e social.A família é essencial também para um melhor desenvolvimento da aprendizagem escolar da criança.  Os pais devem estar em sintonia e transmitir aos filhos amor e paciência proporcionando assim um diálogo construtivo, que favoreça a aprendizagem da criança.
Quando não há sintonia entre os pais, o rendimento escolar da criança poderá diminuir. Alguns são exigentes para com os filhos, outros autoritários e alguns prometem coisas “se” ele melhorar o seu rendimento escolar; enquanto que outros ditam as regras de forma diferente. A criança poderá ficar confusa, e então não saberá o que fazer sofrendo vítima do prejuízo extensivo na escola.
O desenvolvimento do filho dependerá muito da sua criação, da sua vivência diária, dos exemplos dos pais. Por ex: se há hábito de leitura na família, se os filhos têm acesso a livros e revistas para manuseio, principalmente se os próprios pais acompanham de perto a vida escolar dos filhos.
Sabemos que os pais na maioria das vezes trabalham em tempo integral e com o avanço da modernidade feminina, as mulheres também assumiram responsabilidades trabalhando fora da casa, ficando mais tempo fora do lar, e isso diminuiu o contato com os filhos o que muitas vezes prejudica também o rendimento escolar dos filhos.
No entanto devem disponibilizar um pouco do seu tempo para acompanhar a vida acadêmica do filho. Em casos de pais ausentes a aprendizagem escolar do filho é um grande fracasso, pois não há apoio e atenção devida. Podemos certificar também que a criança vinda de uma família com maior número de irmãos, tem maior facilidade em adaptar-se socialmente, tornando-se “independente” mais cedo; enquanto que a criança que é filho único apresenta dificuldades ao relacionar-se socialmente, como por exemplo, na escola. Sendo assim, a criança pode apresentar um bloqueio em seu processo de aprendizagem.
Cabe a família influenciar a criança de forma positiva, porém também pode influenciar negativamente, dependendo de como são educados e ensinados para conviver harmoniosamente em sociedade.
Segundo VIGOTSKY  “Ao considerar a aprendizagem como profundamente social, afirma que quando os pais ajudam e orientam a criança desde o início de sua vida, dão a ela uma atenção social mediada, e assim desenvolvem um tipo de atenção voluntária e mais independente, que ela utilizará na classificação e organização de seu ambiente.”
Podemos perceber que as orientações que os pais dão aos filhos, desde o início de sua vida são fundamentais para o seu progresso social e pessoal, pois aprendem a ser pessoas humildes e solícitas.
A aprendizagem da criança se dá em primeiro lugar dentro do contexto familiar, onde há um primeiro contato, onde são aprendidos as primeiras lições e exemplos que perduram por toda a vida. É na família que ocorre o processo de humanização - a criança aprende valores, a ter respeito e a relacionar-se de forma saudável com outros.
É muito comum pensarmos que quando a família tem uma estruturação - está acompanhando em alguns  momentos a  criança  na  escola,  em  parte,  algumas  dessas
famílias tendem a acompanhar os filhos pressionando-os, isso não é nada bom para a criança, pois ela simplesmente irá dedicar-se à escola por medo dos pais, por não querer decepcioná-los. Na realidade o que acontece é que ela vai “decorar” o conteúdo, estudar naquele momento, e logo depois o esquecerá. As lições ensinadas de fato não serão um aprendizado significativo e duradouro, mas efêmero. 
A questão da responsabilidade também influi na educação e aprendizagem dos filhos. Os pais em alguns momentos, como todo ser falho, pode ter medo de errar ao educar os filhos. Ter medo de errar sozinho, mas é exatamente nesse ponto que os pais devem estar unidos em sintonia, falando a mesma linguagem, dividindo as responsabilidades e trabalhando em conjunto. Assim ninguém se sentirá culpado pelos problemas apresentados por seus filhos, mas sim, ajudarão a evitá-los, pois os filhos vão se sentir bem, em um ambiente acolhedor e seguro com pessoas confiáveis.
Desatenção e hiperatividade são dois sintomas que comprometem a aprendizagem da criança. Isso ocorre devido às mudanças rápidas que a sociedade enfrenta; e a criança para adaptar-se, passa também por mudanças. Essas mudanças sofridas pelas crianças geram um baixo rendimento escolar, e interfere em sua personalidade como um todo.
Segundo POLITY : “A dificuldade de aprendizagem pode ser definida como um sintoma psicossocial, com pelo menos três constituintes básicos: a criança, a família e a escola. Sua evolução está intimamente relacionada com a estrutura e dinâmica funcional do sistema familiar, educacional e social no qual a criança está inserida.”
A aprendizagem da criança está relacionada ao sistema familiar, educacional e social, em que a criança está inserida. O que nos dá a entender que estes três constituintes devem complementar um ao outro; e que quando são detectadas as
dificuldades de aprendizagem a culpa não é de um só indivíduo, mas de todos os envolvidos que devem fazer intervenções.
Numa perspectiva educacional, as Dificuldades de Aprendizagem refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais. 
Existem inúmeros fatores que podem desencadear problemas ou distúrbios de aprendizagem:
·         “Fatores orgânicos – saúde física deficiente, falta de integridade neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação inadequada.
·         Fatores psicológicos – inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição.
·         Fatores ambientais - o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação.”
É recomendável que a dificuldade de aprendizagem sejam identificadas o mais rápido possível. Os pais, professores e educadores devem observar atentamente a criança, frisando o seu comportamento - um conjunto de sinais, por exemplo: conhecer os dias da semana, manipular objetos, desenhar, subir, correr e etc. Quando constatada as dificuldades de aprendizagem, deve haver uma intervenção por parte de profissionais altamente qualificados e também dos outros envolvidos - pais, professores, para que este aluno não venha a ser um fracasso, mas sim que o ajude a reduzir o insucesso no quadro da dificuldade que a criança tem.
 O apoio ao professor e os trabalhos em parceria com coordenadores e gestores devem atender as reais necessidades dos alunos. As dificuldades são detectadas também, quando a criança apresenta problemas emocionais graves e incapacidade ao realizar tarefas. Isso geralmente ocorre em um ambiente escolar, quando a criança passa a resistir a algumas normas impostas sobre ela. Ocorre então uma mudança no seu comportamento.

Quando os pais brigam, tem crises e os conflitos ocorrem com freqüência, os pais as vezes resolvem não se separar para manter uma boa aparência perante a sociedade e principalmente perante os filhos, tendem a pensar que os filhos ficaram bem; no entanto esse comportamento só vai dificultar a vida pessoal do filho, desencadeando desordens anti-sociais. Nesse caso a família (os pais) tem que optar por uma decisão consciente e inteligente, que não prejudiquem os seus filhos, deixando-os neutros diante do relacionamento conjugal.

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