quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

NATAL: ALEGRIA OU NOSTALGIA?

O Natal foi profanizado, o natal foi capturado, arrancaram o natal das nossas mãos. Esta é a verdade. O Natal foi seqüestrado, ele foi arrancado do seu lugar; ele foi desvirtuado do seu sentido, seja ele pelo comércio, seja pelo coração, pelo seu consumismo ou pelo sentimentalismo. E muitas vezes, sob o pretexto da tradição. A ótica foi subvertida e nem nos demos conta disso; tanto que, à nossa maneira espontânea, viver o Natal, cedeu o lugar a passar o Natal. É assim que a gente pergunta: “Onde você vai passar o Natal?” Nem criticamos mais essa expressão que é muito sintomática. É passar o natal. Porque o natal é algo que passa, e não fica. A ótica foi subvertida, enganaram-nos. E continuam nos enganando. Lavaram a nossa cabeça com essa impostura. E o pior de tudo é que nos preparamos para permanecer na véspera, e não para viver o dia. A gente celebra a véspera do natal, e no dia, estamos mortos, estafados, de ressaca e esgotados. Esta é a pergunta: “Com quem vai passar o Natal?” E quase nunca perguntamos com que, ou onde, ou como eu vou celebrar o Natal. A preparação do natal costuma trazer, também, por vezes, o sabor de um período angustiante, de um período estafante, com inúmeras e dispendiosas providências: cartões a enviar, presentes, roupa a preparar, casa para enfeitar e ceia para organizar. É tanto item da lista convencional dos preparativos que não damos conta. Somos compelidos a darem presentes, esquecendo-nos, no mais das vezes, de nos fazer presentes, que é o que mais importa. Ou seja, costumamos dar presente àqueles que mais tem, despreocupados daqueles que nunca os tem, nunca os recebem. Não percebemos que nós vamos perdendo. Já temos perdido muito da nossa liberdade, nós somos usados. Nossos sentimentos, nossos desejos bons mais profundos, pessoais, famílias, foram sendo escamoteados, foram sendo desvirtuados, nós chegamos no Natal dissipado, esgotados, despreparados interiormente e não tiramos o fruto do Natal. É por isso que o Natal passa. E passa mesmo, e não fica.


Padre Luiz Fernando Klein, sj

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